postado em 12/08/2009 17:00
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que estão acampados em Brasília, se reuniram nesta quarta-feira (12/8) com ministros em busca de respostas para as reivindicações feitas pelo movimento.
A coordenação do movimento saiu do encontro dizendo estar decepcionada pelo governo ter recebido as reivindicações como se fossem novas, ao invés de apresentar soluções concretas.
[SAIBAMAIS]"Nós estamos um pouco decepcionados porque, na verdade, o governo só recebeu a nossa pauta. Todos os pontos que tem na pauta já foram previamente conversados, discutidos, negociados, acordados e todos com compromissos assumidos pelo governo. E hoje eles receberam como se fosse uma pauta nova", disse a integrante da coordenação do MST, Marina dos Santos.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, disse que o governo está empenhado para fazer com que a reforma agrária avance e que, na próxima semana, ocorrerá uma nova reunião para discutir a pauta do MST recebida hoje.
O MST reivindica o assentamento de 90 mil famílias que estão acampadas por todo o país, a revisão dos índices de produtividade de terra, que servem de parâmetro para classificar as propriedades rurais como improdutivas e o descontingenciamento de recursos que seriam usados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para a reforma agrária.
Em relação ao assentamento das 90 mil famílias, Cassel disse que não há a possibilidade de atender a todas elas ainda este ano. Ele lembrou que há limites de orçamento para as ações.
"Nós praticamente já usamos todo o recurso de obtenção de terras, esse ano, que tínhamos disponível". Ele explicou que o orçamento para aquisição de terras em 2009 é de R$ 958 milhões, dos quais R$ 600 milhões já foram utilizamos e R$ 300 milhões contingenciados em função da crise financeira mundial.
"O mundo está passando por uma crise financeira de alta gravidade, o governo contingenciou os recursos do orçamento e isso também atingiu os programas de reforma agrária. É com isso que estamos lidando, com a possibilidade de descontingenciar parte desses recursos", disse o ministro.
A integrante da coordenação do movimento, Marina dos Santos, disse que o recurso para os assentamentos é o ponto que mais preocupa o MST.
"O ponto principal que nos deixou preocupados na reunião foi o sinal que o governo deu no sentido de não haver possibilidade para descontingenciar os recursos do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), que vão garantir o assentamento das 90 mil famílias acampadas e também o desenvolvimento dos assentamentos", afirmou.
Sobre a revisão do índice de produtividade, o ministro disse que há dois anos esse assunto é estudado pelo governo. Ele defendeu a revisão e disse que, hoje, se trabalha no Brasil com padrões estabelecidos ainda em 1975.
De acordo com a representante do MST, cerca de 3 mil integrantes do movimento que estão acampados em Brasília, continuam na cidade em vigília, a espera de respostas do governo.
Além de Cassel, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, também participou da reunião. Também participaram representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).