Simone Lima
postado em 20/08/2009 09:29
Desde que reencontrou a mãe biológica, o gari Lucas Ferraz da Silva, de 21 anos, não tira o sorriso do rosto. Sem esconder a felicidade, ele faz planos de conhecer o restante da família, em especial a irmã Fernanda, que mora em Brasília e foi a primeira a achar pistas do paradeiro do irmão pelo site de relacionamentos Orkut.
[SAIBAMAIS]
Enquanto isso, o jeito é matar as saudades pelo telefone e, claro, pela internet. "Estou juntando dinheiro para, nas minhas férias, ir a Brasília. Não quero mais perder o contato com minha família. Fiquei tempo demais sem notícias deles", diz.
Mãe e filho se reencontraram depois de 15 anos em Divinópolis, a 120 quilômetros de Belo Horizonte, na Região Centro-Oeste de Minas, onde Lucas mora com a dona de casa Norma Sueli Carvalho Costa, que adotou o rapaz aos 17 anos, quando ele morava em um abrigo da cidade. "Cheguei a morar com meu pai em BH, mas depois fui morar com minha avó, em Santa Luzia (na Grande Belo Horizonte). Passado um tempo, acabei indo para Divinópolis morar com um tia tia. Só que quando ela se mudou fiquei vivendo sozinho e fui para um abrigo. Nesse tempo conheci um amigo, o Kempes, e acabei sendo adotado pela família dele", conta.
Apesar de nunca ter procurado pela mãe biológica, Lucas admite que sempre teve a esperança de reencontrá-la, mas não imaginava que o sonho seria realizado graças a um site. "Recebi uma mensagem da Fernanda, onde ela perguntava o nome dos meus pais e falava que podia ser minha irmã. Não sou ligado a sites desse tipo e não é sempre que acesso a internet. Havia uns 15 dias que não entrava na minha conta do Orkut", recorda-se.
Ansiedade
O gari diz que agora vai dividir a atenção entre as duas mães: a adotiva e a biológica. "Minha mãe adotiva ficou feliz com o reencontro, mas está com um pouco de ciúmes. É até engraçado. Tenho duas mães agora", diverte-se. Enquanto isso, a 150 quilômetros de distância, em Vespasiano, na Grande BH, a diarista Marinalva Ferraz, de 49, aguarda ansiosa para rever o filho.
O novo encontro dos dois deve ocorrer no fim de setembro, quando ela pretende visitá-lo em Divinópolis. Ela conta que se separou do pai de Lucas quando ele tinha três anos. Na época, o ex-marido levou o filho mais velho, Rodolfo, para morar com ele em BH. Três anos depois ele buscou o caçula.
"Com o Rodolfo eu sempre tive contato, mas não sei por que, meu ex-marido dificultou ao máximo meu contato com Lucas. Falava que o menino não queria me ver, que tinha raiva de mim. Sempre havia uma desculpa, até que perdi o contato", afirma. O objetivo da diarista agora é estar presente na vida de Lucas e conseguir reunir os quatro filhos novamente.
Ela diz que nesses 15 anos nunca deixou de pensar no filho e que encontrá-lo depois de tanto tempo foi a maior alegria de sua vida. "É o meu caçula que estava desaparecido. Sei que ele tem outra família, outra mãe e não quero tirar isso dele, nem criar competições. O que eu quero é estar presente na vida de Lucas."