Luciane Evans
postado em 21/08/2009 09:00
A pandemia de gripe suína teve um efeito colateral que começa a aparecer nas estatísticas do sistema de saúde. Atentos ao risco de contaminação pelo vírus da Influenza A (H1N1), os cidadãos passaram a recorrer às unidades diante de sintomas como tosse e febre.
O resultado é que o número de internações na rede pública de Belo Horizonte por causa de pneumonia aumentou 71% entre julho e agosto em relação ao mesmo período do ano passado. O quadro surge como resultado de um maior cuidado não apenas da população, mas também dos profissionais de saúde, mesmo não tendo relação com a contaminação pelo vírus.
Em praticamente um mês, entre 21 de julho e 17 de agosto, a capital registrou 1.087 internações. Em 2008, no mesmo período, foram 635 pessoas internadas por pneumonia. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), que informou que os números refletem uma maior preocupação da população e dos profissionais de saúde em relação às doenças respiratórias.
Esse comportamento atento, segundo a secretaria, pode ser encarado como efeito positivo da instalação da gripe suína na capital, que atualmente tem 125 casos da nova doença confirmados e 1.076 sob suspeita.
No entanto, esse aumento substancial em tão curto espaço de tempo - praticamente um mês - é tido como momentâneo. De acordo com informações da secretaria, a tendência é de que o número de casos de doenças respiratórias decresça nas próximas semanas, devido ao fim do inverno.
O mesmo pode ocorrer com o número de casos confirmados pelo influenza A, já que especialistas já apontam um recuo nas infecções e apostam que, nos próximos dias, a transmissão será mais branda.
Em meio ao momento no qual vive Belo Horizonte, o número alto de internações por causa de pneumonia, segundo a SMSA, não prejudicou a demanda por leitos da nova gripe na rede pública. De acordo com a secretaria, as pessoas com suspeita de contágio pelo novo vírus, em caso de necessidade de internação, são atendidas em leitos específicos.
Apesar do alto número nas internações, a vacina contra a influenza sazonal, de acordo com a secretaria, tem contribuído para reduzir em 11% as mortes provocadas por doenças relacionadas à gripe comum, como bronquite e pneumonia, tão comuns nesta época da ano.
A vacinação é considerada a melhor prevenção contra as doenças respiratórias de inverno e, este ano, imunizou 80,9% da população acima de 60 anos na capital. No entanto, infectologistas ressaltam que essa vacina não protege contra a gripe suína, apenas afasta o risco de contágio pela forma comum. "A pneumonia requer os mesmos cuidados que as doenças respiratórias agudas em geral, necessitando de tratamento precoce para evitar complicações", informou em nota a SMSA.
Recomendação
Os bebedouros se tornaram, com a epidemia de gripe suína, um motivo a mais de preocupação. Por isso, como forma de prevenir a disseminação do influenza A, a Comissão Municipal de Controle de Infecção Relacionada à Assistência da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte recomendou algumas medidas para o uso do equipamento.
As mudanças são para os bebedouros de pressão que têm, além da torneira para copo, uma outra torneira de jato, que permite que a pessoa encoste a boca e o nariz no equipamento ao beber água.
De acordo com a comissão, essa atitude favorece a contaminação e a transmissão dos vírus da influenza sazonal e do H1N1. Pelas novas recomendações, a torneira de jato não deve ser usada.
Os bebedouros deverão ser limpos diariamente com água e sabão, além de serem desinfetados com álcool a 70%. As empresas também deverão ficar atentas ao período de manutenção dos equipamentos e trocar periodicamente filtros, mangueiras e torneiras.