Brasil

Golpe do "Minha casa, Minha vida", em São Luiz do Maranhão

Carolina Mello
postado em 24/08/2009 08:52
Coordenadores da Associação de Mães Carentes - Escolinha Renascer, localizada na Rua Santa Rita, no Parque Jair, são suspeitos de cobrar taxas irregulares para realizar inscrições no Programa Minha Casa, Minha Vida aos moradores da região. Segundo denúncias, a Associação estaria cobrando R$ 50 para efetuar a inscrição, além de uma quantia mensal de R$ 12, até a entrega do imóvel. No entanto, o programa de habitação subsidiado pelo governo federal e financiado pela Caixa Econômica ainda não tem previsão de abertura de inscrições em São Luís, para pessoas com renda mensal inferior a três salários mínimos. De acordo com uma moradora próxima a Associação, algumas pessoas da região ficaram atraídas pela oferta de participação no programa. Uma dona de casa, que preferiu não se identificar por temer retaliações, tentou se inscrever na Associação através do marido. "Disseram que eu não podia me inscrever porque já tinha uma casa com três compartimentos", diz a moradora, que, desde a recusa, passou a questionar a cobrança das taxas. "Achei muito estranho, porque o programa é pela Caixa, então outra pessoa não podia estar cobrando", diz. Ela contou ainda que o valor cobrado para inscrição no programa de moradia é de R$ 50, podendo ser pago em duas parcelas de R$ 25. Outra moradora do entorno, a dona de casa Andréia Vieira Silva, 20 anos, chegou a entregar cópias de documentos do marido, o pedreiro Antonio Carlos Borges da Silva, 28 anos, na esperança de participar do programa. "Ainda não dei nenhum dinheiro não, e acho que ninguém ainda pagou essa inscrição", diz Andréia, ratificando que na rua onde mora, há uma vizinha com a quantia da suposta inscrição separada, prestes a efetuar o pagamento. Segundo a auxiliar de serviços gerais Benedita Piedade Silva, 23 anos, a presidente da Associação de Mães Carentes, identificada apenas como Meire, teria dito que um representante da Caixa Econômica compareceria ao local para uma reunião, no próximo dia 29. Benedita, no entanto, desconfiou. "Não acreditei porque li no jornal ontem mesmo que o programa está suspenso, porque tem tido muita fraude", diz a moradora. Benedita acrescenta que Meire não mora na região e só aparece de vez em quando. "Só o filho dela mora aqui. Não sei como uma pessoa que não mora aqui pode saber do que a comunidade precisa", diz. O outro lado A reportagem tentou localizar um homem chamado Cláudio, apontado pelas moradoras do Parque Jair como filho da presidente da Associação, mas não obteve sucesso. Cláudio mora na rua Bambu, perpendicular à rua Santa Rita, onde está localizada a Associação de Mães Carentes. No mesmo terreno em que foi apontado que Cláudio mora, há um pavimento de alvenaria com a inscrição "Igreja Assembleia de Deus Renovação de Fé" e uma placa abandonada no chão, com os horários de aula e as séries escolares oferecidas pela Escolinha Renascer, sediada na Associação de Mães Carentes. Sem previsão Na última quinta-feira (20/8), O IMPARCIAL publicou matéria sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida, informando que ainda não há sinalização de abertura de inscrição para famílias que possuem renda inferior a três salários mínimos. Entre outros assuntos, o superintendente substituto da regional da CEF, Valdemilson Nascimento, informou que tão logo seja concluído o processo de contratação das construtoras que trabalharão no programa, as inscrições para essa faixa populacional serão iniciadas, pela Prefeitura de São Luís, através da Secretaria Municipal de Urbanismo e Habitação. O Programa prevê a construção de 72 mil unidades para o Maranhão. 40% desse total será destinado às famílias com renda entre zero e três salários mínimos. Outros 40% serão disputados entre as famílias que recebem renda entre três e seis salários. O restante, ou seja, 20%, será dedicado à população que recebe de seis a 10 salários mínimos.

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