Luciane Evans
postado em 24/08/2009 09:14
Ao mesmo tempo em que o influenza A (H1N1) colocou em teste a fragilidade da rede pública de saúde, deixou em alerta o sistema particular. No início da epidemia no país, em maio deste ano, quem tinha o sintoma da doença era atendido em hospitais públicos. Com o aumento no número de casos, a rede suplementar foi acionada. E, de acordo com profissionais de saúde, o momento é também de sobrecarga na procura por atendimento, que já dobrou depois da chegada da gripe.
Somente em Belo Horizonte, de acordo com dados divulgado pela Associação dos Hospitais de Minas Gerais (AHMG) à Secretaria de Estado de Saúde (SES), em apenas cinco hospitais privados de Belo Horizonte, na sexta-feira (21/8), 58 pessoas estavam internadas com suspeita de contaminação, sendo que, dessas, 16 apresentavam quadro grave e eram tratadas em Centros de Terapia Intensiva (CTI).
"A saturação da rede privada não é de agora. No entanto, com a circulação do novo vírus, essa sobrecarga ficou mais evidente. É preciso fazer uma reavaliação da capacidade de emergência, tanto no setor público quanto no particular", destaca o membro da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, que atua como infectologista em vários hospitais particulares da capital.
Ele enfatiza que o aumento da busca por atendimento na rede particular é contínuo, ao contrário do ocorre no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Geras (HC/UFMG) - um dos hospitais referências para o influenza A (H1N1) -, que registrou nos últimos dias uma redução de 60% na procura por consultas de pacientes com suspeita da doença. "Em dados gerais, onde se atendiam 200 pessoas por dia, atualmente se atendem 400", diz, ressaltando que a quantidade poderá aumentar nos próximos dias, em função da queda da temperatura.
Ainda de acordo com o infectologista, muitos pacientes chegam a esperar cerca de quatro horas para serem atendidos. O estudante Paulo Fernando de Faria Filho, 21 anos, conta que essa realidade, antes comum no setor público, está presente no privado.
De acordo com ele, há 20 dias, justamente no auge da contaminação do vírus, chegou a desistir do atendimento em um hospital particular por causa da demora. "Cheguei a ficar mais de quatro horas esperando, e desisti", disse. Ontem, ele procurou um pronto-socorro particular, pois estava com sintomas da gripe. "Espero não ter que aguardar por muito tempo."
Metrô
A partir desta segunda-feira (24/8), a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, levará 10 atores nos trens e nas estações de Belo Horizonte, alertando sobre os perigos da doença e os cuidados necessários para combatê-la.
A campanha começa na Estação Central, às 13h, seguindo pelas demais estações até às 17h. Nos dias 27 e 28, os atores voltam ao metrô, promovendo a campanha também pela manhã, das 8h às 11h, e das 13h às 17h.
Segundo a CBTU, já foram afixados 19 cartazes informativos sobre o influenza A (H1N1) em todas as estações do sistema, visando alertar as 160 mil pessoas que utilizam o meio de transporte. Outros 100 cartazes foram colocados nos trens para reforçar a divulgação.