Brasil

Sem medo de pegar o avião

Empresas de turismo dizem que pandemia não tem comprometido a venda de pacotes para o exterior e também comemoram aumento na procura por roteiros nacionais que antes estavam no ostracismo

Rodrigo Couto
postado em 26/08/2009 08:41
Prejudicadas quando o Ministério da Saúde recomendou o adiamento de viagens à Argentina e ao Chile devido ao aumento de casos de influenza A (H1N1), conhecida como gripe suína, as operadoras de turismo viraram o jogo. A queda do dólar e a procura por roteiros nacionais que estavam no ostracismo compensaram a perda dos passageiros que cancelaram suas viagens à América do Sul em virtude da pandemia. Líder do setor, a CVC diz ter registrado, em julho deste ano, aumento de 15% no número de pacotes vendidos em comparação ao mesmo período de 2008. Já a Visual Turismo, segunda maior do segmento, garante que o cancelamento de viagens aos países sul-americanos não teve grandes impactos na empresa, uma vez que os brasileiros optaram por outros destinos. Em nota, a CVC, que comercializa 80 destinos no Brasil e no exterior, salienta que não sentiu, até o momento, nenhuma alteração considerável nas vendas por conta da gripe A ou em decorrência da crise financeira internacional. "Este ano, somente em julho, a operadora embarcou 300 mil passageiros em viagens nacionais e internacionais. As viagens em feriados prolongados também estão aquecidas desde o início do ano", diz o texto. A empresa observa ainda que, considerando os feriados do primeiro semestre de 2009 - carnaval, semana santa, Tiradentes, Dia do Trabalho e Corpus Christi -, obteve incremento de 35% no número de passageiros que viajaram com a operadora nessas datas, comparado-se aos mesmos feriados do primeiro semestre de 2008. A disseminação de casos da gripe suína no Brasil e no mundo não assustou os empresários Paulo Almeida, 35 anos, e Priscila Pimenta, 27. Moradora da Asa Sul, Priscila embarca em 11 de setembro para os Estados Unidos. "Vou a Nova York, Orlando e Miami e só retorno em 2 de outubro. Não estou com medo, não mudei meus hábitos e nem vou deixar de fazer o que gosto por conta dessa gripe", diz a empresária, que viaja acompanhada de quatro amigos. Já Almeida, que também escolheu a terra do Tio Sam como destino, vê com exagero as informações publicadas na mídia. "A gripe normal mata mais do que a suína. Vou para lá sem qualquer medo", garante o empresário, que passará o réveillon nos Estados Unidos. Araxá e Búzios Gerente comercial da Visual Turismo de Brasília e Goiânia, Regina Barros explica que a operadora tem compensado a pouca demanda por pacotes para a Argentina e Chile com a procura por roteiros que andavam esquecidos. "Minas Gerais, com destaque ao município de Araxá, e Búzios, no Rio de Janeiro, estão sendo muito procurados. Fora do país, o continente europeu também está despontando", cita. A agência Decktour, que revende os pacotes da Visual ao consumidor, informa que os passageiros que desistiram de embarcar rumo à América do Sul fecharam pacotes para outros destinos. "As pessoas que estão acostumadas a viajar não estão nem um pouco preocupadas com a gripe suína", afirma Rosângela Barros, sócia da Decktour, mesma loja onde Priscila e Paulo compraram suas viagens ao exterior. Sócia da agência, Luciana Albuquerque, que está grávida de oito meses, retornou recentemente de uma temporada de 17 dias em Orlando e Miami, carro-chefe da Decktour. "Apesar da gestação, não senti medo ao viajar para os Estados Unidos. Entre as outras 80 pessoas do grupo, também não havia qualquer temor", conta. "Lá não existe este pânico como está por aqui", acrescenta Luciana, que retornou dos Estados Unidos em 25 de julho. O número 300 mil Quantidade de passageiros que a CVC embarcou para destinos nacionais e no exterior somente em julho Ouça trecho da entrevista com Rosângela Barros, sócia da Decktour

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