Brasil

Gestantes não querem voltar a dar aula por medo da nova gripe

Rodrigo Couto
postado em 26/08/2009 08:47
Mesmo depois da licença de 10 dias concedida a todas as servidoras gestantes do Distrito Federal e do afastamento temporário das professoras da rede pública das salas de aula, as docentes têm reclamado que continuam expostas ao vírus da influenza A (H1N1), uma vez que ainda mantêm contato com colegas que permanecem exercendo suas atividades nas turmas. O Sindicato dos Professores (Sinpro) disponibilizou seu departamento jurídico no caso de as grávidas decidirem acionar a Justiça para garantir a ausência do trabalho enquanto a enfermidade for uma ameaça. Uma das razões para o Sinpro ter oferecido a assessoria jurídica é o grande volume de professoras que estão procurando o sindicato. "Elas dizem que, mesmo com a circular que as afastou da regência de classe e orientou o exercício de atividades na direção escolar, coordenação pedagógica ou planejamento de aulas, a exposição à doença ainda é grande, devido ao contato com os professores que continuam atuando dentro das salas", afirma Antônio Lisboa, diretor do Sinpro. Além dessa polêmica, a professora Fernanda (nome fictício a pedido da entrevistada) observa que a escola onde leciona não recebeu a circular de número 51, distribuída pela Secretaria de Saúde a todas as regionais de ensino, segundo a qual as docentes que atuam em classe devem colaborar nas atividades da direção, coordenação pedagógica ou planejamento de aulas. "A medida deveria começar na segunda-feira, mas até ontem (terça) não havia chegado nada na direção. Por conta desse erro, tive que dar aula assim mesmo. O diretor tentou resolver, depois que procurei o Sinpro, mas não encontrou nenhuma solução, a não ser a minha permanência com os alunos", denuncia. A preocupação de Fernanda, grávida de quatro meses, é devido à confirmação de um aluno com a nova gripe e outros dois casos suspeitos. "Mesmo com o trabalho fora da classe, continuamos mantendo contato com os alunos. Eles nos beijam e nos abraçam", conta. Eunice Santos, secretária adjunta de Educação, explica que todas as escolas do DF recebem, por e-mail, as circulares e, quando um centro de ensino não tem endereço eletrônico próprio, os textos são enviados ao e-mail pessoal do diretor. "Mas amanhã (hoje) mesmo vamos reforçar a divulgação das informações em todos os locais", ressalta. Sobre a possibilidade de as professoras recorrerem à Justiça, Eunice entende que é um direito de cada uma. "As docentes insatisfeitas têm o livre-arbítrio, mas só quem pode dispensá-las do trabalho é o governador por meio de decreto", frisou. (RC) Confira trecho da entrevista com Eunice Santos, secretária adjunta de Educação Pelo mundo Gripe mata mais pessoas da faixa etária entre 20 e 49 anos Mais da metade - 51% - das pessoas mortas pela gripe suína no mundo em meados de julho tinham entre 20 e 49 anos, segundo análise de especialistas da revista Eurosurveillance. Pelo menos 49% dos casos fatais apresentavam outras patologias, frequentemente doenças que também precipitam a morte em casos de gripe sazonal, segundo os pesquisadores que analisaram 574 das 684 mortes confirmadas no planeta até 16 de julho. A gravidez e os problemas de metabolismo, como diabetes e obesidade, são citados como "fatores de risco particularmente importantes" por Philippe Barboza e seus colegas do Instituto Francês de Vigilância Sanitária (InVS), responsável pelo publicação. Secretaria de Saúde do México registra 179 mortes Mais nove pessoas perderam a vida no México devido à influenza A (H1N1), elevando a 179 o número de mortos no país desde a eclosão da pandemia, no primeiro semestre. Os dados foram divulgados ontem pela Secretaria de Saúde mexicana. De acordo com as estatísticas divulgadas pelo órgão, 20.860 pessoas foram infectadas pelo vírus H1N1. No relatório anterior, divulgado no dia 20, havia 19.712 casos confirmados, com 170 mortes. O estado de Chiapas, no sul do país, é o mais afetado pela doença, com 3.394 casos, o que levou as autoridades a adiarem o início das aulas. No restante do México, os estudantes retornaram às salas de aula na segunda-feira. Criações de porcos infectados estão em quarentena na Austrália Uma fazenda no estado de Queensland, na Austrália, foi colocada em quarentena pelas autoridades sanitárias do país após a criação de porcos da propriedade apresentar suspeita de ter contraído o vírus H1N1. Duas outras fazendas de porcos, uma no estado de New South Wales e outra em Victoria, já estão em quarentena, após testes confirmarem que havia animais infectados pelo vírus nesses locais. O chefe de biossegurança veterinária de Queensland, Ron Glanville, disse que amostras dos porcos na mais recente fazenda suspeita foram retiradas. Os testes ficarão prontos nos próximos dias. Há o temor de que a influenza A (H1N1) possa sofrer mutações e se tornar mais letal. Até agora, 132 pessoas morreram no país em decorrência da enfermidade. OMS crê que pior já passou no Hemisfério Sul A Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que a temporada crítica de gripe suína está em sua fase final na América do Sul e no restante dos países do Hemisfério Sul, embora isso não signifique a erradicação da enfermidade - apenas uma tendência de redução na quantidade de ocorrências. "O inverno no sul do planeta está quase terminando e só mesmo na África do Sul é que os casos continuam a se expandir em um ritmo maior", disse Gregory Hartl, porta-voz da OMS. Agora, a OMS volta suas preocupações ao Hemisfério Norte, onde os casos de gripe suína tendem a aumentar a partir do outono. Nos Estados Unidos, um estudo da Casa Branca indica que entre 30% e 50% da população pode ser afetada nos próximos 12 meses. No mundo, já são oficialmente 182 mil casos confirmados, com 1.799 mortes. Mas a própria OMS admite que esses números já estão defasados.

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