postado em 26/08/2009 09:24
A subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesap, Juliana Araújo, afirmou que a paciente Maria Avelino Cardoso, 42 anos, recebeu assistência devida no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal-RN, mas reconheceu que o protocolo da gripe suína não foi seguido. O hospital de referência para a doença é o Giselda Trigueiro. Maria morreu no Walfredo, no último dia 15.
Ela chegou a Natal com complicações respiratórias, depois de ter passado três vezes pela unidade básica de saúde de sua cidade, Lagoa Salgada, a 52km de Natal. Segundo o relatório e a ficha clínica, ela apresentou os primeiros sintomas em 4 de agosto e o agravamento no dia 11.
Em sua ficha de internação consta, no dia 14, um quadro de pneumonia acompanhada de tromboembolismo pulmonar e todos os procedimentos foram tomados, como ventilação mecânica, coleta de secreção nasofaríngea para exames, além de outros procedimentos próprios para o quadro.
A vítima morava na zona rural de Lagoa Salgada e faleceu no Hospital Walfredo Gurgel, no último dia 15.
A Sesap não divulgou a identidade dela, nem o local da ocorrência, por determinação do novo protocolo do Ministério da Saúde. Entretanto, o secretário de saúde de Lagoa Salgada, Vênus José da Silva, revelou a identidade da paciente.
De acordo com ele, suspeita-se que Maria Avelino tenha sido contagiada por alguém vindo de Natal. "A família nos contou que Maria era uma mulher muito caseira. Acredito que ela tenha contraído o vírus de alguém que viajou de Natal para cá", disse o secretário.
Outra suspeita levantada é de que o contágio tenha ocorrido por meio dos parentes da potiguar Aldinete Pereira, morta por gripe suína no mês passado no Rio de Janeiro, e que tinha familiares em Santo Antônio, município próximo a Lagoa Salgada, onde foi enterrada.
O secretário afirmou que os familiares de Maria Avelino passam bem. "Até o momento, ninguém da família dela apresentou algum sintoma de gripe suína, todos passam bem".
Até ontem, havia 34 casos confirmados no Rio Grande do Norte. Cinco - incluindo a primeira vítima fatal - foram diagnosticados em pessoas que não sairam do estado ou tiveram contato com pessoas que estiveram em áreas de circulação do vírus.
Mulher era considerada "caseira"
Juliana Araújo afirmou que a Sesap recebeu a confirmação do óbito com tranquilidade, pois todos os procedimentos de investigação foram tomados e a investigação do prontuário da vítima demonstrou predisposição para a doença. "Registramos outros óbitos no Nordeste e sabemos que pessoas com complicações respiratórias ou predisposição estão mais suscetíveis à doença. A paciente chegou ao Walfredo num estado muito grave, com complicações e quadro de pneumonia". A subcoordenadora afirmou não haver expectativa de óbitos em relação aos demais casos registrados, pois não há nenhum paciente internado em estado grave.
Juliana frisou que com a livre circulação da Influenza A já confirmada no estado, todas as regiões estão sujeitas ao vírus e o momento é de intensificar as ações preventivas, mantendo cuidados e orientações, como higienização, além de evitar aglomerações assim como evitar tocar olhos, nariz e boca.
Ela ressaltou que as pessoas devem estar atentas aos sintomas (febre súbita e persistente acima de 38 graus e complicações respiratórias) devendo procurar uma unidade de saúde nas primeiras 24 horas, pois o medicamento Tamiflu deve ser ministrados nas primeiras 48 horas.
Outras doenças
Embora todas as atenções estejam voltadas para a gripe A, outras doenças apresentam maior índice de letalidade no estado. A dengue já matou sete pessoas neste ano (incluindo um caso de dengue hemorrágica), complicações da gripe comum mataram quatro pessoas e o calazar vitimou três pessoas em Mossoró. Segundo a subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da secretaria estadual de Saúde, Juliana Araújo, doenças que podem ser evitadas com bons hábitos são as campeãs de mortalidade.
No ano passado, 2.140 pessoas morreram de câncer e 4.084 de doenças circulatórias, 1.223 foram vítimas de doenças respiratórias e 781 de diabetes. Doenças curáveis como a tuberculose (1.217 casos e 40 óbitos em 2008) e a hanseníase (273 casos em 2008) também preocupam a Sesap, indicando a necessidade de uma revisão no modelo de atenção. Ainda, o RN apresenta altos índices de mortalidade neonatal e óbitos maternos.