Brasil

Governo anuncia liberação de R$ 2 bi para ações de combate ao novo vírus

O segundo caso de morte pela nova gripe em Brasília foi confirmado ontem à noite. Boletim do Ministério da Saúde indica que Brasil já é o país com maior número absoluto de óbitos

postado em 27/08/2009 09:13
O governo anunciou na quarta-feira (26/8) a liberação, por medida provisória, de R$ 2,1 bilhões para as ações de combate ao vírus da Influenza A (H1N1). Parte desse valor - R$ 1,06 bilhão - será usada para comprar 73 milhões de doses da vacina, que será distribuída em 2010. [SAIBAMAIS] O Ministério da Saúde também vai comprar 11 milhões de kits do antiviral receitado aos pacientes graves ou do grupo de risco. Cada um deles tem 10 comprimidos e é considerado o suficiente para uma pessoa. O investimento será de R$ 480 milhões e o remédio será processado em laboratórios militares. Além disso, os recursos vão servir para a compra de 73 milhões de doses de vacina e 11,2 milhões kit de tratamentos, além de aumento no número de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), compra de equipamentos e de material para diagnóstico, capacitação profissional e pesquisas sobre a doença. Ao todo, R$ 1,06 bilhão será usado apenas para a compra de vacinas. A previsão do governo é de que, no primeiro semestre de 2010, pelo menos 36,5 milhões de pessoas sejam imunizadas. Do total de vacinas, 33 milhões de doses serão fabricadas pelo Instituto Butantan, e as 40 milhões de doses restantes serão compradas do Fundo Rotatório de Vacinas da Organização Panamericana de Saúde (Opas) e de empresas privadas. Os 11,2 milhões de kits de tratamentos serão distribuídos aos estados a partir de setembro. Parte da nova remessa - 2 milhões de kits - será produzida por laboratórios oficiais do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, sob a supervisão do Laboratório de Farmanguinhos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). As instituições militares, segundo o ministério, vão receber um investimento de R$ 20 milhões em infraestrutra. O atendimento de pacientes em estado grave será ampliado com o aumento do número de leitos de UTI e de UTI Neonatal, uma vez que as grávidas fazem parte do chamado grupo de risco da doença. Outros R$ 22,72 milhões serão destinados à compra de equipamentos de proteção, sobretudo, para profissionais de saúde, além de material para diagnóstico, como 3 mil embalagens para transporte de amostras infecciosas e 110 mil máscaras. A verba da medida provisória deve financiar ainda cinco pesquisas sobre o comportamento do vírus. Do total, R$ 5 milhões serão destinado a estudos sobre a efetividade do medicamento fosfato de osetalmivir na redução dos sintomas e da gravidade da doença. Será feita também uma análise das mutações genéticas do vírus. A previsão é de que as duas pesquisas fiquem prontas em um prazo de até um ano. As três restantes, sobre fatores de risco, transmissão, gravidade, mortalidade e validação do insumo produzido no país para o diagnóstico da doença, serão finalizadas até o fim deste ano. A intenção, de acordo com o ministério, é validar o produto fabricado no Brasil e nacionalizar a produção. Segunda morte no DF Ontem, mais uma morte por gripe A (H1N1), também conhecida como gripe suína, foi confirmada pela Secretaria de Saúde no Distrito Federal. O órgão, porém, informou que só divulgará detalhes do paciente nesta quinta-feira (27/8), em uma entrevista coletiva às 10h. Esse foi o segundo óbito pelo novo vírus na capital. O primeiro ocorreu em 9 de agosto, quando o analista de sistemas Carlos Fernando Mendonça, 50 anos, morreu no Hospital Anchieta, em Taguatinga, com um quadro grave de pneumonia. A nova morte no DF foi incluída no boletim epidemiológico divulgado ontem pelo Ministério da Saúde, que confirma 557 óbitos em todo o território nacional - o que faz do Brasil o país com mais mortos pela nova gripe em todo o mundo, seguido pelos Estados Unidos, que registra 522, e pela Argentina, com 439. O país tem a sétima maior taxa de mortalidade - índice compara o número de mortos à população - para a nova gripe no mundo, com 0,29 óbito por 100 mil habitantes - contra 0,19 do levantamento anterior (veja quadro). No Distrito Federal, a taxa está em 0,08 óbito por 100 mil habitantes. Os dados são referentes ao período entre 16 e 22 de agosto. Entre os brasileiros mortos, 58 eram gestantes. Para o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Juvêncio Furtado, o fato de o vírus ter desembarcado no país no início do inverno é uma explicação para o número de mortos no Brasil ser maior do que nos Estados Unidos, embora lá a população seja maior. "Isso sem dúvida aumentou a transmissão no país, o que causou mais casos graves e mais mortes. Mas a taxa de mortalidade está dentro do que observamos no resto do mundo". O estado com mais óbitos é São Paulo (223), seguido pelo Paraná (151) e Rio Grande do Sul (98). Redução Apesar disso, o boletim do ministério aponta uma redução no número absoluto de casos graves da nova gripe no país, o que também foi observado na semana anterior. Mas o próprio ministério reconhece que "ainda não é possível concluir que a tendência seja definitiva pois existem casos em investigação (%u2026) ou que não tiveram as informações sobre a conclusão diagnóstica digitadas pelas secretarias estaduais e municipais de Saúde".

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