Jornal Correio Braziliense

Brasil

95% da Carne de porco contaminada em São Luiz

Para quem consome carne de porco na capital do Maranhão é preciso cautela. Cerca de 95% do produto vendido nas feiras e mercados estariam contaminados. A constatação é da Vigilância Epidemiológica e Sanitária, da Secretaria Municipal de Saúde (Semus). O problema é a falta de abatedouros autorizados, o que impossibilitaria a fiscalização e apreensão da carne irregular. O mesmo problema ocorre também com a carne de caprinos, segundo a Vigilância. Há apenas um abatedouro legalizado na capital. Este é particular e abate cortes para abastecimento de supermercados e grandes frigoríficos. Esta carne é originada de outros estados. Desta forma, a carne de caprino e suíno vendida nas feiras de São Luís é aquela abatida em espaços sem estrutura e a mínima higiene. Mesmo sabendo do problema e riscos à saúde pública, a Vigilância se diz impossibilitada de promover a fiscalização. Tudo depende da construção, regularização e autorização de um espaço público adequado ao abate. Essa providência é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Abastecimento (Semapa). "Nossa competência é apreender o produto irregular nas feiras. Mas, os feirantes alegam que, se não há abatedouro autorizado, não há como abater a carne dentro das normas", justifica o superintendente da Vigilância, Vitorino Reis Castro. Enquanto isso, estão suspensos os trabalhos de fiscalização ao abate de carne suína e caprina. Riscos Quem paga é o consumidor, sem saber dos riscos que corre consumindo a carne contaminada. De uma simples dor abdominal até uma série infecção intestinal. O maior perigo é a carne de porco. Ela contém uma larva que é facilmente detectada durante o abate. Caso essa larva não seja retirada, como deve acontecer no abate clandestino, o consumidor é propenso a adquirir uma teníase ou solitária, como é popularmente conhecida. A carne contaminada libera a larva durante cinco minutos de cozimento, a 75 graus. Há três meses, a Semapa, Semus e Secretaria Municipal de Urbanismo e Habitação (Semurh) realizam encontros para discutir uma ação conjunta. O trabalho consiste em ações de fiscalização, apreensão e punição às irregularidades encontradas nas carnes citadas e também a bovina. Parte da ação inclui o treinamento de técnicos da Semurh. O trabalho vai monitorar o processo do abate até a venda. A próxima reunião ocorre na primeira quinzena de setembro. Após a definição dos trabalhos e a construção do abatedouro, as fiscalizações serão retomadas. Segurança A construção de um abatedouro público impediria que carnes contaminadas fossem vendidas nas feiras livres. O superintendente da Vigilância explica que em um abatedouro autorizado a carne passa por inspeção. O corte também é peculiar por ser feito por profissionais. Após os cortes recebe um certificado de qualidade e procedência. Sem essa segurança, o produto tem grande possibilidade de conter a larva que causa a teníase. "No abatedouro, a carne contaminada é logo eliminada", ressalta o superintendente. A equipe de O IMPARCIAL entrou em contato com a Semapa. Segundo o órgão, na capital há dois abatedouros cadastrados, um deles, o JB que fica na Zona Rural e já está funcionando. O outro, localizado na BR, no bairro Tibiri deve começar a operar em dois meses. Ambos os abatedouros estão estruturados dentro das normas da legislação e possuem capacidade para abater bovinos, caprinos e suínos. No referente à paralisação das fiscalizações, o secretário da Semapa, José Ribamar Luso diz que a Vigilância tem autonomia para, além de fiscalizar fechar os abatedouros clandestinos. "Não estimulamos a manutenção desta clandestinidade", ressalta Luso.