Landercy Hemerson
postado em 27/08/2009 10:11
A suspeita de empresários de que seus funcionários, do sexo masculino, vinham apresentando atestados médicos falsos revelou um esquema de fraude que envolve a secretária de um conhecido ginecologista e obstetra de Belo Horizonte, com mais de 52 anos de atuação na área.
O médico Pio Borges do Espírito Santo Bisneto foi surpreendido quando representantes das empresas ligaram questionando as licenças dadas aos seus empregados. Ao saber o nome dos supostos pacientes, ele percebeu a fraude e informou sua especialidade, descartando de vez que seria o responsável pelos atestados.
O ginecologista comunicou o caso ao seu advogado Osmiler Kleber Sacchetto Guimarães, que atua na área criminal. Osmiler disse que iniciou alguns levantamentos, reunindo documentos e informações que levaram à suspeita da secretária do médico, Rita de Cássia dos Reis, de 41 anos, que há nove trabalhava no consultório.
"Um primeiro indício de fraude surgiu quando representantes de quatro empresas que ligaram para meu cliente nos entregaram cópias dos atestados. Percebemos que os impressos usados não eram os originais do médico, pois não traziam suas especialidades 'ginecologia e obstetrícia'. Tivemos então a informação de um dos funcionários que se beneficiaram dos falsos atestados, de que conseguiu o documento com a secretária de um médico, cujo endereço era o mesmo do meu cliente", explicou o advogado.
Durante os levantamentos, Osmiler Guimarães descobriu que a fraude não se limitava aos atestados falsos para licença médica. "Supostos pacientes ligaram para o consultório de meu cliente reclamando de efeitos colaterais de medicamentos para emagrecer. Isso causou estranheza, pois ele não atua como endocrinologista", afirmou.
De acordo com Guimarães, constatou-se também que várias pessoas tinham pego prescrição médicas com Rita de Cássia, em papéis falsificados. "Como meu cliente tem um sistema de controle de seus impressos, logo percebeu que os receituários não partiram dele".
Nessa quarta-feira, depois de constatado o envolvimento da secretária no caso, Osmiler e o também advogado David Luiz Valdez de Faria decidiram denunciar a acusada. Militares do 1º Batalhão da PM foram chamados no fim da tarde e os acompanharam ao consultório do ginecologista, na Rua Tupis, no Centro da capital.
Com documentos em mãos, incluindo o impresso falso que foi confeccionado pela secretária, a funcionária foi informada sobre a suspeita sobre ela. Rita de Cássia acabou admitindo o crime.
Ela contou que passava por problemas financeiros e então decidiu aplicar o golpe. Um fato que chamou a atenção de Osmiler Guimarães é que a gaveta da mesa da secretária não tinha chave, mas ela colocou por conta própria. No local foram encontrados blocos de impressos em nome do médico e carimbo com o registro dele no Conselho Regional de Medicina.
Segundo o soldado PM Jader Eulampio, a acusada foi levada para o 2º Distrito Policial, com o material apreendido. Caberá à Polícia Civil investigar se há outros envolvidos no esquema criminoso, quem se beneficiou e quem foi prejudicado com a fraude.