Jornal Correio Braziliense

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Pesquisadores da IFMA analisam contaminação da água pelo plástico

Um grupo de cientistas do Instituto Federal do Maranhão (antigo Cefet) estuda há quatro anos a contaminação da água por uma substância chamada Bisfenol-A (BPA) - composto químico utilizado na fabricação de plástico. Os pesquisadores analisaram a água mineral condicionada em garrafas plásticas, o sistema de distribuição de água de São Luís e a água dos rios Anil e Bacanga. A água mineral engarrafada em recipientes plásticos apresentou o maior índice de contaminação. De acordo com a professora Natilene Brito, o Bisfenol-A pode provocar sérios danos à saúde humana, uma vez que afeta, sobretudo, o sistema endócrino do organismo. Dentre os principais malefícios, estão os cânceres de próstata e de mama, atrofia do genital masculino, infertilidade, anencefalia (ausência de cérebro em recém-nascidos), entre outros problemas. As outras análises apresentaram contaminação, mas em menor quantidade. "Verificamos também a presença do BPA no sistema de distribuição de água da cidade, que é contaminado por selantes, colas e resinas utilizados para vedar canos", acrescentou Ozelito Junior, coordenador da pesquisa. Nos rios Anil e Bacanga, a contaminação pelo Bisfenol-A é provocada por garrafas e recipientes plásticos jogados ao longo de toda extensão deles. "O movimento das marés acaba diluindo o BPA, o que ameniza os efeitos nocivos", explica ele. De acordo com Ozelito Junior, para evitar a contaminação, a palavra de ordem é prevenção. Ele orienta o consumo de água condicionada em garrafas de vidro, já que estas não possuem o Bisfenol-A. Quem utiliza a água fornecida pela Caema (Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão), deve filtrá-la e fervê-la. "É importante que a água que condicionamos nas geladeiras para consumo doméstico esteja armazenada em garrafas de vidro - e não de plástico - como observamos em muitos lares", finaliza. A preocupação com a água mineral em São Luís aumentou na população depois que, ainda este mês, foi encontrada em uma garrafa de água mineral em São Luís restos de uma aranha caranguejeira.