postado em 27/08/2009 20:00
Uma operação deflagrada logo nas primeiras horas desta quinta-feira (27/8) pelas polícias Militar, Civil e Federal desarticulou a principal milícia que agia em quatro municípios da Baixada Fluminense, na região metropolitana do Rio de Janeiro. O grupo é acusado de mais de 100 assassinatos - entre eles, o de um policial civil, morto com cerca 50 tiros - na região, nos últimos três anos.
[SAIBAMAIS]Conhecido como Bonde do Jura, em referência ao chefe da quadrilha, o PM Juraci Prudêncio, o grupo atuava nas áreas de transporte alternativo, venda de gás, tv a cabo clandestina - chamada de gatonet - e segurança irregular em Nova Iguaçu, Queimados, São João de Meriti e Duque de Caxias.
Segundo o delegado substituto da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), Alexandre Capote, só a frota de vans e kombis controlada pela milícia tinha 60 veículos, além de 30 mototáxis.
Entre as mais de cem pessoas mortes pelo Bonde do Juro na região, revelou Capote, estão líderes comunitários, testemunhas, integrantes de milícias rivais, além de um policial civil. No início do ano, o grupo chegou a ameaçar de morte um delegado federal que atuava em Nova Iguaçu.
"Era uma quadrilha fortemente armada e organizada, praticando atos típicos de milícia. Há indícios fortes de que aconteceram vários homicídios, tendo como alvos líderes comunitários, população local e outros milicianos que não aceitaram formar um consórcio com o Bonde do Jura", contou Capote.
A polícia também descobriu que o grupo miliciano tinha fortes ligações com outra milícia, a Liga da Justiça, comandada pelo ex-deputado estadual Natalino Guimarães, preso na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), de quem recebia informações, apoio político e armas. De acordo com a polícia, Juraci foi candidato a vereador em Nova Iguaçu, chegando a receber 10 mil votos, e pretendia a concorrer a deputado estadual em 2010.
Dos 14 mandados de prisão expedidos pela Justiça, dez haviam sido cumpridos com sucesso até o início da noite. Entre o grupo, estão nove policiais militares, um ex-PM e quatro seguranças.