Brasil

Muita água vai descer nos próximos meses, alerta meteorologista

Luciane Evans
postado em 10/09/2009 10:26
Trinta e sete pessoas soterradas, 500 famílias desabrigadas e um lamaçal de lágrimas e tristeza. O cenário é de 1992, quando uma forte chuva atingiu Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e resultou na inesquecível tragédia da Vila Barraginha, quando 36 pessoas morreram e mais de 1,7 mil ficaram desabrigadas. [SAIBAMAIS] Dezessete anos se passaram e Minas Gerais está com o sinal vermelho aceso: o período chuvoso deste ano será semelhante ao de 1992. A previsão é do meteorologista do Centro de Climatologia MG Tempo/Cemig/PUC Minas Ruibran dos Reis, que alerta: "Muita água vai descer nos próximos meses". Para amenizar os prejuízos que virão, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) lançou na quarta-feira o Plano de Emergência Pluviométrica 2009/2010, que mesmo bem articulado tem desafios a ser enfrentados. A falta de defesas civis atuantes em 753 municípios é um dos entraves para a prevenção, o socorro e a restruturação das cidades depois das chuvas. "O serviço só existe em 100 municípios mineiros. Lançamos uma cartilha para incentivar as prefeituras a formar seus núcleos. Nada pode ser feito na base do improviso. É ideal e essencial ter um monitoramento do nível dos rios e, no caso de transbordamento, o alerta deve ser efeito com cerca de oito horas de antecedência. Estruturar galpões, ginásio e igrejas para receber as vítimas deve ser feito antes que a tragédia ocorra", explica o secretário-executivo da Cedec, tenente-coronel Alexandre Lucas Alves. O Corpo de Bombeiros também enfrenta desafios. Segundo o major Jairo Robson Freire, em apenas 47 cidades há a presença da corporação. "Para suprir a carência, podemos deslocar a base de aeronaves para as regiões afetadas". Outra deficiência é a falta de alimentos em algumas cidades. De acordo com o tenente-coronel Alexandre Lucas, "se cada município tivesse um estoque de pelo menos 50 cestas básicas, o sofrimento das vítimas seria menor". Como forma de reforçar o material entregue aos desabrigados, a Cedec vai incluir mais produtos, como leite em pó para alimentar as crianças. "Nos kits de higiene haverá absorvente para as mulheres. Além de colchões e cobertores, vamos disponibilizar lençóis", diz. As águas que atingirão o estado, no entanto, não serão semelhantes às que atingiram São Paulo e Santa Catarina esta semana. "A frente fria está indo embora. Estamos entrando no processo d0 fenômeno El Niño, que se caracteriza por uma sequência prolongada de chuvas, não tão intensas como as de 2008, porém, mais constantes. O resultado serão alagamentos, enchentes e desmoronamentos como os de 1992", compara Ruibran, ressaltando que a atenção deve se voltar para as regiões Leste, Zona da Mata, Sul e Central de Minas. No período chuvoso 2008/2009, 44 pessoas morreram e 487 ficaram feridas em ocorrências ligadas à chuva. Prefeitos de 213 cidades decretaram situação de emergência. "A média de óbitos esperados são de 20 pessoas, mas sabemos que o número pode dobrar. A grande preocupação é com a Zona da Mata, pois haverá muita água na região", alerta o tenente-coronel.

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