Agenor Barbosa
postado em 14/09/2009 08:57
Quem trabalha em cargos comissionados nas unidades da Fundação da Criança e do Adolescente do Maranhão (Funac) conta que sofre constrangimentos pelos servidores contratados através de concurso. O problema vai da crítica pelo salário recebido até a realização de trabalhos dentro das unidades de reabilitação a adolescentes infratores.
"Eles dizem coisas do tipo 'nós somos do quadro'. E não fazem trabalhos como preparar café ou alguma refeição para os internos depois que as cozinheiras vão embora, às oito da noite. Muitas pessoas não têm nenhum preparo, é comum se referirem aos adolescentes como vagabundos e palavreados do mesmo tipo", explica Ana Teresa*.
Outra preocupação dos comissionados é quantia recebida como pagamento. Ana conta que os cargos comissionados foram incorporados à Funac há aproximadamente 15 anos. Durante todo esse tempo, ela afirma que nunca houve um reajuste nos salários. Mesmo com a recente implantação do Plano de Valorização do Servidor Público, instituído pelo governo do estado.
"É vergonhoso ganhar um salário de apenas 280 reais. O valor só fica um pouco maior graças ao risco de vida [100%] e adicional noturno [25%], o que dá um pouco mais que 400 reais. E quando se recebe esse dinheiro, quem ganha mais crítica. Falam com ironia: 'olha o que a tua governadora te dá'", lamenta.
A reportagem entrou em contato com a presidente da Funac, Sônia Baptista Ferreira. Ela confirmou que existência diferenças entre o salário dos cargos comissionados e de concursados. Mas garantiu que esse é um problema anterior a sua gestão, e que todos os que trabalham nessa condição tinham conhecimento do valor que receberiam.
A respeito do constrangimento de concursados sobre comissionados, Sônia disse que desconhece tal prática e que nunca foi comunicada do problema. A presidente prometeu falar com os diretores das unidades. Ela disse que vai orientá-los a conversar com os funcionários para checarem a denúncia.
"Vamos tomar todas as providências, mas o grande problema é que as pessoas querem fazer as denuncias e ficar no anonimato. É preciso dizer quem fez e quando fez. Vou pedir para os diretores averiguarem e observarem com atenção as unidades", diz a presidente.
*A denunciante não quis se identificar. O nome Ana Teresa é fictício.