Brasil

Rodovia mineira registra cinco autuações por minuto

Pedro Rocha Franco
postado em 14/09/2009 09:08
Cinco autuações por excesso de velocidade a cada minuto. A pedido do Estado de Minas, a Polícia Militar Rodoviária (PMRv) operou, em modo de teste, um radar em dois pontos da BR-356 e a imprudência dos motoristas se reflete nas estatísticas de violência, com uma média de quase 27 acidentes por quilômetro este ano. Num horário de movimento intenso no trecho, entre 10h30 e 11h30, nem mesmo a presença policial inibe o abuso ao volante e o aparelho registra, repetidas vezes, velocidades acima dos 110km/h. Durante 10 minutos, o medidor de velocidade foi instalado a 100 metros da passarela em frente aos motéis (km 7), no sentido Rio/BH. Programado para captar imagem distante até 100 metros, 47 veículos foram flagrados 10% acima do limite permitido no trecho (80km/h). Ou seja, é registrado apenas quem ultrapassa 88km/h. Segundo o sargento Marcos da Silva Luz, durante o dia o desrespeito é grande, mas à noite os motoristas se arriscam bem mais. "Carro a 120km/h é normal durante a madrugada", afirma. No sentido contrário, em frente à mata da Copasa (km 5), o fluxo mais leve de carros confirma o que diz o policial. No mesmo tempo de medição foram pegos 55 apressadinhos, sendo 13 acima de 110km/h. Ao ver o carro da polícia, alguns frearam bruscamente, quase causando abalroamentos. Quinta-feira, a PMRv instalou um radar móvel nos seis quilômetros sob sua jurisdição, enquanto o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) não conclui a licitação para contratação de uma empresa. Há quase dois anos, as lombadas eletrônicas estão desligadas por causa do fim do contrato de operação e a previsão é de que até o início do ano sejam religados três aparelhos. Durante a semana passada, técnicos fizeram estudos no trecho. Segundo o comandante do 1º Pelotão Rodoviário, tenente Geraldo Donizete, apesar de alguns pontos serem sinalizados, é preciso fazer amostragem do excesso de velocidade em cada horário e levantar todos os acidentes ocorridos nos últimos meses para justificar o uso do equipamento. Por vez, o radar tem capacidade de fiscalizar três faixas num mesmo sentido. "A cada seis meses deve ser feita atualização do estudo para confirmar, ou não, os benefícios da instalação do medidor de velocidade", explica Donizete. Curva do Ponteio O desligamento dos radares é considerado crítico pelo consultor em transporte e trânsito Osias Baptista Neto. "A descida longa e a sequência de três curvas reversas e fechadas são um complicador para o trecho. É preciso que o aparelho esteja em operação, pois os motoristas o respeitam e ao avistá-lo na curva desaceleram. Até porque, com a intensa divulgação na imprensa, todos sabem que estão fora do ar." O especialista explica que o menor volume de veículos à noite implica maior velocidade, com aumento da tensão dos motoristas que tentam chegar mais rápido e também na maior incidência de bebida alcoólica. Além da fiscalização, especificamente na Curva do Ponteio, uma alteração no traçado pode ser um paliativo. "A pista não tem a superelevação necessária - inclinação no asfalto para dar maior estabilidade e evitar o deslizamento do carro para o interior da curva ou mesmo tombamento -, como no circuito de automobilismo em Monza, na Itália. A angulação e o radar podem reduzir as saídas de pista." História A BR-356 começa no encontro com a Avenida do Contorno, na Região da Savassi. Até o primeiro trevo do Bairro Belvedere é mais conhecida por Avenida Nossa Senhora do Carmo. Nos quilômetros seguintes, até o entroncamento com a MG-030, acesso a Nova Lima, a rodovia tem características de uma via expressa urbana, com trecho considerado perigoso devido ao alto fluxo de trânsito e à rota para bares e boates do Bairro Jardim Canadá e de São Sebastião das Águas Claras. O trecho foi concedido pelo Dnit, como extensão do Anel Rodoviário, à Polícia Militar Rodoviária (PMRv), que o fiscaliza. Dali até o km 28, em Itabirito, a rodovia coincide com a BR-040, mas prevalece a nomenclatura da estrada mais importante. O percurso de 472,9 quilômetros segue até São João da Barra (RJ), cortando 13 cidades mineiras e cinco fluminenses.

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