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Hospitais do DF estimam redução de 20% nos atendimentos a casos suspeitos de H1N1

postado em 15/09/2009 08:00

Depois de causar uma corrida às emergências e centros da saúde, a Influenza A (H1N1), também conhecida como gripe suína, dá sinais de enfraquecimento no Distrito Federal. Hospitais particulares e da rede pública têm registrado queda no número de pacientes que procuram o pronto-socorro com sintomas da doença. De acordo com a Secretaria de Saúde, o pico da pandemia, ao que parece, já passou e a tendência é de diminuição gradativa nos casos, especialmente com o fim do inverno e a chegada da primavera, como ocorre todos os anos com a gripe comum.

A subsecretária de Vigilância à Saúde, Disney Antezana, explica que há duas semanas a Secretaria observa redução no número de suspeitas de gripe na cidade. Apesar disso, prefere ser cautelosa e ressalta que ainda é cedo para dizer que a pandemia está, de fato, cedendo. ;Ainda não estamos colocando como uma tendência. A pandemia chegou aqui há seis semanas e nas últimas duas percebemos uma diminuição no ritmo. Porém, é preciso que isso se mantenha por mais algum tempo para ter certeza de que está havendo recuo.;

Embora ainda não haja estatísticas fechadas em relação à primeira quinzena de setembro, alguns hospitais estimam redução de pelo menos 20% no ritmo de atendimentos de pacientes com sintomas de gripe em relação à primeira metade de agosto. No Hospital Universitário de Brasília (HUB) a demanda caiu pela metade. ;Temos observado que os atendimentos por gripe diminuíram bastante, em torno de 50%;, ressalta o infectologista César Carranza, que coordena a equipe responsável pelos casos da nova gripe no hospital.

Nos centros de saúde, os últimos dias também foram de aparente redução nos atendimentos. ;Não é um declínio tão acentuado, mas pelo menos a procura não está aumentado;, diz o médico Manoel Fontes, gerente do Centro de Saúde 1 de Samambaia, um dos pontos estratégicos para atendimento da Influenza A. No Centro de Saúde 3 do Núcleo Bandeirante, que chegou a atender 400 pacientes por dia, a tendência também é de queda, assim como no Centro de Saúde 4 de Ceilândia, como destaca o clínico Jomar Amorim. ;Observamos nitidamente uma queda.;

No Hospital Anchieta, onde a demanda na emergência chegou a dobrar entre junho e agosto, foram 194 atendimentos desde o início de setembro, contra 240 na primeira metade de agosto ; uma queda de 19%. ;Ainda está alto, mas pelo menos não subiu mais. Diria que chegamos ao pico e agora a tendência é diminuir;, afirma o coordenador médico do hospital, Roberto Valente.

O infectologista Marcone Tinhati avalia que a inesperada chuva no início do mês pode ter contribuído para o recuo da gripe na cidade. ;O vírus gosta mais do tempo seco, tem mais condições de se propagar em baixa umidade;, explica.

; Vítimas jovens e saudáveis

A gripe suína já matou mais de 3.200 pessoas em todo o mundo. E aproximadamente 40% delas eram adultos jovens e saudáveis, afirmou ontem um especialista da Organização Mundial da Saúde (OMS), Sin Lun Tam, na abertura do congresso anual da Sociedade Respiratória Europeia, em Viena, capital da Áustria. Segundo Lun Tam, mais da metade dos pacientes em estado grave tinha menos de 20 anos e a taxa de mortalidade é ligeiramente superior em pessoas com idade entre 25 e 49 anos.

Na Austrália e nos Estados Unidos, as crianças são o grupo com maior número de internações na rede hospitalar. Um estudo apresentado ontem na Califórnia, Estados Unidos, mostrou que um número considerável de pacientes da nova gripe pode transmitir o vírus por até mais de uma semana após os primeiros sintomas ; o que sugere a necessidade de um período de isolamento superior a sete dias para os infectados.

Segundo os pesquisadores, o fim da tosse pode ser um indício de que o período de transmissão acabou. As crianças, no entanto, podem contaminar outros mesmo depois de não apresentarem mais nenhum sintoma, segundo infectologistas, porque o vírus nelas se reproduz mais rapidamente ; o que aumenta a concentração no organismo. Por orientação dos órgãos de saúde, os médicos têm recomendado duas semanas de isolamento para menores de 12 anos e uma semana para adultos.

O Ministério da Saúde deve divulgar amanhã mais um boletim. Até agora, a doença já matou 657 pessoas em 16 estados e no Distrito Federal. O Brasil têm o maior número de mortos, a frente dos EUA (593) e da Argentina (512).

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