O Brasil tem uma frota de 25,8 milhões de carros que não para de crescer. E até diante da crise, o setor renderá à indústria automobilística o mesmo faturamento registrado no ano passado, quando jogou nas ruas 3,2 milhões de novos carros, segundo dados da Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea). Mas enquanto os fabricantes buscam formas de acelerar as vendas, o governo aumenta a pressão sobre a indústria automobilística pela redução do controle de emissões de poluentes.
A partir de agora, o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) disponibilizarão ao consumidor, via internet, a lista dos veículos que mais contribuem para o aquecimento global e para o aumento de doenças em virtude da poluição emitida no ar. A avaliação feita pelo governo é baseada em dois critérios. O primeiro: a nota verde, que avaliará os veículos numa escala de 0 a 10 no que diz respeito à emissão dos três maiores poluentes (monóxido de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio) que contribuem para a poluição e o surgimento de doenças respiratórias. O segundo: o indicador de CO2, que segue uma escala de avaliação de cinco a dez e dirá se o veículo está contribuindo mais ou menos na emissão de gás carbônico na atmosfera, ou seja, sendo o responsável pelo aquecimento global. Essa última avaliação não inclui carros movidos a álcool devido a determinação dos guias do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, que consideram que o combustível produz emissão zero de CO2 por ser fonte renovável.
A lista do governo traz um apanhado de seis páginas e 250 análises feitas com modelos de carros nacionais e importados, todos fabricados em 2008. Os resultados do desempenho de cada modelo dependem de fatores básicos, como potência e consumo. Em alguns casos, o resultado negativo engloba tanto os modelos mais sofisticados quanto os mais modestos, de baixa potência. É o caso do Corsa, de motor 1.4, que ficou em último na lista, tanto por liberar mais poluentes na atmosfera, quanto por emitir mais gás carbônico. As marcas francesas Citro;n, Peugeot e Renault também se juntaram às fabricantes Chevrolet e Volkswagen no ranking dos 10 mais poluentes. Já entre os mais corretos ambientalmente, estão dois modelos da empresa Ford (Focus e Edge), três da italiana Fiat (Uno e Uno Way álcool e Uno Way gasolina), além da Nissan (Tilda), Honda (New Fit, LX, LXL, EX) e Chrysler (PT Cruiser).
A classificação dada pelo governo está dentro dos padrões do Programa de Controle de Poluição do Ar (Proconve) e servirá, segundo o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, para aumentar a participação da sociedade com os problemas ambientais. ;Trazemos duas questões diferentes que mexem com a vida das pessoas. Uma é defender a saúde da população com a queda desses poluentes e a outra é ajudar a defender o planeta da condição catastrófica em que já estamos, desenhando o cenário climático no futuro. Então, as pessoas terão o poder de decisão sobre um produto que tenha mais tecnologia para atender a todas essas demandas;, comparou.
O ministro é um dos maiores interessados na cobrança pela diminuição dos poluentes porque terá de dizer o que vem fazendo para evitar o aquecimento global durante a 15; reunião da Convenção do Clima (COP 15), que ocorre em dezembro, em Copenhague. Ele admite que ainda há uma certa dificuldade das pessoas em associar suas atitudes às mudanças do planeta, mas que o Brasil está caminhando para uma preocupação crescente com a adoção de medidas como essa. ;Hoje, talvez um número relativamente pequeno de pessoas se guiarão por esses dados que dispusemos, mas a consciência ambiental está despertando aos poucos para isso;, ressaltou.
A nota verde e o indicador de CO2 serão medidas complementares às avaliações realizadas pelo Instituto de Metrologia (Inmetro), que disponibiliza apenas a capacidade de consumo de cada veículo e a economia gerada ao consumidor. O ministro do Meio Ambiente afirmou ainda que a indústria automobilística se mostrou disposta a colaborar e que não houve dificuldades para disponibilizar as informações. A assessoria de imprensa da Anfavea afirmou que o setor vem trabalhando em sintonia com as regras do governo de controle de emissões de poluentes e a medida servirá para tornar o processo mais democrático e transparente, pois dá acesso às informações ao consumidor.
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