Brasil

Saem as sardinhas e fica o mau cheiro no município de São José de Ribamar-MA

Marcela Mendes
postado em 18/09/2009 09:27
Continua envolto em mistério o caso da mortandade de sardinhas na orla do município de São José de Ribamar, a 30 quilômetros de São Luís, no Maranhão. As sardinhas da espécie centegraulis edentulus encontradas mortas nas praias do município na última segunda-feira (14/9) já foram recolhidas e despejadas no aterro de São José de Ribamar. Para descobrir o que causou o desastre ambiental, uma mostra das mais de 32 toneladas de sardinha encontradas está em análise e o resultado deve sair na próxima semana. O município também está recebendo o Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Estado, com o objetivo de investigar o caso e punir possíveis culpados. Mesmo sem o laudo divulgado e a investigação concluída, dados preliminares apontam para três possíveis causas da mortandade dos peixes. A primeira é uma alteração ambiental, a segunda é de que um cardume muito grande de sardinhas tenha entrado no igarapé e o oxigênio existente não tenha sido suficiente para todas as sardinhas e a terceira aponta para a pesca predatória. "Logo que soubemos do caso também consideramos a hipótese de que os peixes tivessem morrido como consequência da poluição da água por contaminação de esgotos. Assim que percorremos a orla, percebemos que apenas esgoto doméstico é despejado no mar de Ribamar e que isso não seria suficiente para causar tamanho estrago", lembra o secretário de Meio Ambiente de São José de Ribamar, Isaac Buarque de Holanda. Dentre as hipóteses previamente levantadas, a mais aceita até agora é de que os peixes tenham se concentrado naquele local e morrido por falta de oxigenação devido a pesca predatória. Nessa prática, alguns pescadores esperam que o igarapé fique cheio para levantar a tapagem, uma rede de pesca muito grande e de malha muito fina. Também nessa prática, os pescadores utilizam o veneno timbó, que pode ter envenenado as sardinhas. "Essa é a hipótese mais aceitável até agora. Nessa época do ano o nossa mar fica muito cheio de sardinhas. Provavelmente algum pescador colocou a rede e deixou muitos peixes represados. O oxigênio da área não foi suficiente para todos, o que ocasionou as mortes", explica o secretário. Pesca predatória Na opinião do zoólogo da Universidade Federal do Maranhão (Ufma) Nivaldo Piorski, que é especialista em vida marinha, a hipótese da pesca predatória também é a mais aceitável, mas ele ainda tem dúvidas de que ela seja a verdadeira. "Pelo que foi observado no local, o mais provável é que a pesca predatória tenha sido a causa da mortandade dos peixes. Mas acho estranho que não tenha sito encontrada nenhuma outra espécie de peixe, apenas as sardinhas", comenta o especialista. Apostando que a pesca predatória tenha ocasionado a morte de tantas sardinhas no local, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de São José de Ribamar (SEMMA) convocou o Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Estado para investigar possíveis culpados. "Apostamos na experiência do batalhão para solucionar esse caso. Pessoas que têm algumas informações já se disponibilizaram para dar depoimento. A nossa expectativa é de identificar os culpados e puni-los", continua o secretário Isaac. A pessoa que pratica crime de pesca predatória pode ser punida com pena de um a cinco anos de reclusão. Prejuízos O desastre ambiental da mortandade dos peixes gerou uma série de prejuízos para a população de São José de Ribamar. A classe mais prejudicada foi a população carente do município, que consome a espécie mais barata. Outra classe que terá prejuízos durante muito tempo por conta da catástrofe e a de pescadores, já que as sardinhas atraiam para a orla peixes maiores. "Atualmente cinco mil pescadores estão cadastrados nas três entidades da categoria aqui no município. Todas essas pessoas terão as rendas comprometidas por algum período", comenta Isaac Buarque de Holanda. O funcionamento normal da cidade também foi alterado. A quantidade tão grande de peixes mortos causou um mau cheiro muito intenso, que incomodou moradores de áreas circunvizinhas e a suspensão das aulas em uma escola próxima a orla do município. "No primeiro dia isso aqui estava insuportável. Tivemos que trabalhar de máscaras, se não ninguém suportava. Hoje (ontem) já está bem melhor, só restam as escamas das sardinhas", lembra o agente de limpeza de São José de Ribamar Edson Carlos Ramos Aguiar, que trabalhou na retirada das sardinhas da orla do município terça, quarta-feira e ontem.

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