Luiz Freitas
postado em 29/09/2009 08:42
A doença é silenciosa e pode causar cegueira se não for tratada a tempo. A Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) não é tão conhecida como o glaucoma, a catarata ou o diabetes, mas é atualmente umas das principais causas de cegueira relacionada ao envelhecimento.
Estima-se que 30 milhões de pessoas sofram de DMRI em todo mundo. Uma média de 25% das pessoas acima de 75 anos ficam cegas devido à falta de tratamento adequado. Vários deles apenas impediam que a doença avançasse, mas hoje já existem tratamentos que conseguem recuperar a visão do paciente.
A médica oftalmologista Mônica Rossi, mestre em Retina e Vítreo pela Escola Paulista de Medicina, explica que a doença afeta a mácula, uma parte da retina localizada na parte posterior dos olhos, responsável pela nitidez no centro do campo de visão. "As células dos olhos produzem detritos que se não forem excretados originam depósitos e o desenvolvimento de vasos sanguíneos fracos em seu entorno, danificando a mácula e prejudicando a visão central".
Segundo ela, poucas são as doenças oftalmológicas que exigem tratamento urgente e a degeneração da mácula é uma delas. "Quando o sintoma aparece geralmente é acompanhado de um quadro grave e de difícil tratamento, daí a importância de se consultar um oftalmologista uma vez ao ano".
Quem tem a doença passa a enxergar um borrão no centro do campo de visão, mantendo entretanto sua visão periférica. Isso pode prejudicar completamente atividades como ler ou dirigir. "Com o desenvolvimento da DMRI, o campo de visão do paciente fica cada vez mais restrito e ele só consegue caminhar".
Geralmente, a doença começa a se manifestar a partir do 55 anos, não havendo maior prevalência de acordo com sobre o sexo. Segundo Mônica Rossi, todos estão sujeitos a desenvolver a DMRI, mas fumantes e hipertensos têm uma maior predisposição para a doença. Não se sabe quantas pessoas desenvolveram a doença no estado, mas a oftalmologista tem vinte pacientes em tratamento ou estabilizados.
Em seu estágio inicial, a degeneração macular não apresenta qualquer sintoma nem é perceptível a olho nu, daí ser uma "doença de consultório". Quando detectada nessa fase, por meio de um mapeamento da retina, o tratamento é feito com o uso de vitaminas anti-oxidantes e uma proteína chamada luteína.
Entretanto, nem mesmo bons hábitos alimentares evitam a doença, não havendo outras formas de prevenção além da consulta médica. "Essas vitaminas são encontradas em verduras verdes escuras como o espinafre, o brócolis e a couve, mas devem ser consumidos crus para preservar a luteína".
Tratamento
Vários tratamentos já foram desenvolvidos contra a degeneração macular mas eles apenas cicatrizavam a mácula, mantendo a perda de visão. Hoje utiliza-se a aplicação de drogas anti-angiogênicas (ranibizumabe), que fazem com que os vasos sanguíneos regridam, recuperando a visão e mantendo a doença estabilizada.
O medicamento é aplicado diretamente no olho por meio de injeção. São três aplicações, para diminuir o inchaço, recuperar a visão e estabilizá-la. O preço de cada aplicação ainda é salgado, beirando os R$ 3 mil.
O aposentado Patrício Genésio da Silva, 80, perdeu a visão do olho esquerdo aos 18 anos, quando foi atingido por um filete de madeira. Os médicos nunca quiseram operá-lo. Em 2006, ele começou a ter dificuldades para enxergar com o olho direito. "Pensei que era o grau do óculos. Depois comecei a ver uma borda vermelha. Fui ao médico e ele disse que era um derrame no olho e que estava com sangramento. Agora não estou vendo quase nada".
Ele fez tratamento com uma droga chamada avastina, que não surtiu o resultado esperado. Agora, operado do olho esquerdo e se submetendo a sua primeira aplicação da nova droga, Patrício espera recuperar a visão. "Se tudo der certo, vou enxergar melhor do que nunca".