Elaine Resende
postado em 02/10/2009 11:51
Após quatro meses preso por um crime cometido por outro homem, chegou ao fim o sofrimento de um jovem pedreiro. Por volta das 17h30 dessa quinta-feira (1/10), Daniel Rodrigues de Godoy, de 28 anos, ganhou de volta a liberdade com o alvará de soltura expedido pela Justiça de Pouso Alegre, no Sul de Minas.
O calvário de Daniel começou, segundo o delegado Tomás Edson de Resende, da 13ª Delegacia Regional da cidade, quando ele deixou a identidade com um traficante de São João del-Rei, município onde morava.
Dependente químico assumido, Daniel entregou o documento para Anderson de Almeida Silva, de 26 anos, até o pagamento de uma dívida. Anderson foi detido tempos depois por um assalto à mão armada e repassou à polícia o nome e os dados de Daniel. O traficante foi condenado a três anos e meio de prisão, mas conseguiu fugir.
Sem saber que seu nome havia sido usado pelo verdadeiro criminoso, o pedreiro foi abordado por policiais que verificaram no sistema um mandado de prisão contra ele. Daniel foi levado para o presídio de Pouso Alegre no dia 2 de junho. Com medo de ver sua família ameaçada por Anderson - acusado de homicídio, latrocínio e tráfico -, o pedreiro ficou calado e não se defendeu da acusação.
A verdade
O advogado contratado orientou o rapaz a falar toda a verdade e, com base em fotografias e no depoimento de testemunhas, entrou com um recurso na Justiça. O Ministério Público foi acionado e entrou no caso. O promotor Márcio Henrique Mendes da Silva disse que a aparência de Daniel já era um forte indício de que havia erro no processo. O pedreiro tem a pele clara e Anderson é negro.
O delegado Tomás Resende informou que o MP pediu novas apurações do caso na última terça-feira. Na manhã de quarta, eles descobriram a verdadeira identidade do criminoso ao localizar uma jovem em Pouso Alegre com quem Anderson teve um rápido relacionamento.
Ela confirmou a identidade do suspeito e, dessa forma, a polícia conseguiu encontrá-lo. "Essa jovem tem um filho com o Anderson e nos mostrou fotografias confirmando nossas suspeitas. Após verificarmos no nosso sistema, descobrimos que ele está preso desde fevereiro em São João del-Rei", disse o delegado. "Foi um erro da Justiça", completou.