Trilhas pela floresta amazônica, passeios noturnos em busca de jacarés selvagens e pesca de piranhas com linha e anzol podem parecer parte de uma aventura digna de Indiana Jones ou Allan Quatermain. Mas não se, além de tudo isso, você contar com o conforto de uma hospedagem cinco estrelas e a mobilidade de um transatlântico. A bordo do Gran Amazon, um hotel-navio de 270 pés de comprimento, 50 pés de largura, quatro andares e sistema all inclusive (café, almoço, jantar e bebidas nacionais e importadas), o turista tem à disposição três opções de viagem pelo Negro e pelo Solimões, os mais importantes rios da bacia amazônica.
Tanto faz a escolha. Independentemente do roteiro, as atrações começam antes mesmo de o viajante colocar os pés no navio. Ainda no Porto de Manaus, capital do Amazonas e local do embarque, o pôr do sol vale só como cartão de visita das belezas naturais que ainda estão por vir. Já dentro do hotel flutuante, um drinque de boas-vindas reúne os hóspedes, recepcionados pelo comandante e a tripulação. Hora de saber sobre normas de segurança, passeios e horários. O momento também é propício para iniciar novas amizades, já que a viagem seguirá num clima muito familiar.
Depois do jantar, a sugestão é subir ao terraço da embarcação para olhar a lua e se refrescar do calor amazônico com alguma das inúmeras opções de bebidas. Mas não exagere, pois a aventura começa cedo no dia seguinte. Para quem escolhe a viagem pelo Rio Solimões, a primeira opção de passeio começa às 8h, com a saída de pequenas lanchas do navio rumo a igarapés e igapós. Para turistas menos dispostos, o passeio pode terminar aí. Quem quiser ver a mata de perto, porém, deve se aventurar numa caminhada de duas horas na selva. A companhia dos guias, a maioria nativos, que falam cinco idiomas no mínimo, é indispensável para garantir a segurança.
São eles que mostram as várias espécies de plantas medicinais, pássaros e insetos. A imponência de algumas árvores é de tirar o fôlego. A visão de aranhas caranguejeiras, colônias de lagartas, resinas que espantam insetos e até do famoso pau-rosa, de onde é extraída a seiva para produção do famoso perfume Chanel n; 5, mistura-se aos causos e lendas do lugar.
Anzóis na água
À tarde, a aventura fica por conta da pesca da piranha, um peixe famoso pela violência, que aguça a imaginação de turistas pouco acostumados à vida amazônica. Pessoas de todas as idades podem participar da empreitada. Basta jogar o anzol na água e comemorar: as piranhas são fisgadas rapidamente. Não dá para esquecer da máquina em punho para registrar o momento. Depois de fotografada a vitória, o troféu tem de ser devolvido ao rio. Na volta para o navio, um novo espetáculo do pôr do sol. Enquanto a lancha cruza os igarapés, o dourado no céu pinta a paisagem.
Se as energias não acabaram, a noite reserva uma das mais emocionantes atrações da viagem. Passe o repelente e prepare-se para observar ; e também pegar, se tiver coragem ; jacarés. No breu da noite, os guias lançam, com todos os tripulantes na lancha, fachos de luz que revelam pequenos pontos vermelhos nas margens da lagoa, na região de Manaquiri. São os olhos dos jacarés, que ficam imóveis com a claridade da potente lanterna. O guia se posiciona na frente da embarcação e, com técnica e rapidez, captura o bicho com as próprias mãos. Um jacaré-de-papo-amarelo, típico da região, é trazido para a luz. Euforia total. Todos querem ver os répteis, tocá-los e tirar fotografias com eles.
Na manhã seguinte, o encontro no lobby do navio ocorre cedo, antes das 6h. O programa é para quem tem interesse especial em observar animais da floresta. E são muitos. Periquitos, garças, macacos-de-cheiro, jacarés, bichos-preguiça e gaviões dão o ar da graça, com colorações variadas. Em clima de proximidade com a natureza, o grupo retorna ao navio para o café da manhã. Uma experiência enriquecedora para quem quer conhecer não só a rotina dos bichos da selva, mas também da comunidade que mora lá, é a visita a uma típica casa de um caboclo da Amazônia.
Nela, os visitantes são recebidos por Seu Manoel, a esposa e sete dos nove filhos, numa humilde casa característica da região. Os anfitriões contam como sobrevivem à imensidão da floresta e aos caprichos da natureza. Histórias incríveis sobre as adversidades do lugar chegam a parecer fantasiosas. E as crianças, desconfiadas, observam tudo com atenção, mas não se aproximam muito dos forasteiros. Souvenirs podem ser adquiridos em um centro de artesanato flutuante, na região do Lago Janauari. Preços acessíveis e uma infinidade de opções fazem do local parada obrigatória para comprar lembrancinhas.
No navio
Para quem preferir ficar no navio, o conforto está em todo o lugar. As duas piscinas (uma de hidromassagem) no piso superior viram logo ponto de encontro dos passageiros. Há música ao vivo e aulas de dança e hidroginástica. A embarcação tem também elevador, academia de ginástica, lavanderia, enfermaria, loja de conveniência e salão de eventos para 150 pessoas, onde são ministradas palestras sobre ecologia, fauna e flora amazônicas, costumes e histórias dos povos da floresta. Como grande parte dos turistas é estrangeira, um show folclórico, com músicas e danças brasileiras ; entre elas, samba e carimbó ;, é apresentado aos hóspedes após um jantar de gala.
O balanço do navio é quase imperceptível. Único incômodo da viagem, o calor amazônico pode ser driblado com pequenas atitudes. Funcionários recomendam manter o ar-condicionado da cabine (quarto) ligado todo o tempo. É aconselhável o uso de roupas leves e trajes de banho. Para fazer os passeios na floresta, porém, melhor se cobrir com camisas de manga comprida e calças, para evitar picadas de insetos e minimizar a ação do sol na pele. Protetor solar é item obrigatório, tanto quanto a câmera fotográfica. Também é bom lembrar de consumir bastante líquido e usar repelente contra mosquitos durante as caminhadas.
Depois de dois dias e três noites sob as águas do Solimões, conhecendo um pedacinho da região que abriga a maior biodiversidade do mundo, chega o momento de retornar. Quando o navio atraca no porto de Manaus, já é de manhã. A tranquilidade da floresta fica para trás e dá lugar ao barulho dos trabalhadores.
O fotógrafo viajou a convite da Gol Linhas Aéreas e da Iberostar
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