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Brasil quer ajuda bilionária para aumentar o PIB sem elevar emissões de carbono

postado em 14/10/2009 08:00

O Brasil estuda apresentar ao mundo uma proposta para elevar o Produto Interno Bruto (PIB) até 2020 sem aumentar as emissões de carbono. A proposta parece ousada e colocaria o país numa posição de destaque na reunião da Conferência da Organização das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, marcada para dezembro, em Copenhague, na Dinamarca, não fosse por um detalhe: o sucesso desse plano depende da ajuda financeira de países desenvolvidos, da ordem de US$ 10 bilhões por ano.

A proposta do Ministério do Meio Ambiente leva em conta um crescimento anual de 4%, com emissões de CO2 em torno de 2,2 bilhões de toneladas ; patamar equivalente ao de 2005. O objetivo é investir os recursos em cinco planos setoriais que traçam metas para a redução do desmatamento, tratamento de resíduos e desenvolvimento de combustíveis menos poluentes.

;Há fontes de financiamento interno que a gente tem que aumentar para fazer a nossa parte e fontes de financiamento externo para cada um desses cinco planos, que seguramente não serão menores do que US$ 2 bilhões;, afirmou ontem o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, para quem os países ricos devem diminuir as emissões de gases e financiar a despoluição em nações em desenvolvimento.

com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc

No entanto, o especialista em mudanças climáticas Eduardo Viola, da Universidade de Brasília (UnB), avalia que a proposta é inviável. ;Tudo indica que os recursos dos países ricos serão investidos em países mais pobres. Não seria justo o Brasil ficar com a maior parte desse dinheiro.; Já o físico Luiz Pinguelli Rosa, que está no grupo responsável por elaborar a proposta brasileira a ser levada a Copenhague, discorda. ;Para um problema desse tamanho, US$ 10 bilhões não é nada;, avalia.

Em meio à polêmica, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pediu ontem ao Ministério do Meio Ambiente um projeto ainda mais ousado, com cenários de crescimento do PIB entre 5% e 6%. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se ontem com ministros para debater o que será levado à Dinamarca em dezembro. A meta é acertar tudo até 20 de outubro. Embora ainda haja divergências em torno da proposta brasileira para a emissão de CO2, o governo sinaliza estar decidido quanto às metas de redução de desmatamento.

A ideia é assumir o compromisso de reduzir em 80% asderrubadas na Amazônia. E cobrar que os países desenvolvidos reduzam em 40% as emissões de gases poluentes para que o aumento da temperatura no planeta fique abaixo de 2;C. A proposta brasileira é ousada, na visão de Viola, e mais avançada que a de outros países em desenvolvimento, como China e Índia.

Mas para Pinguelli o governo ainda precisa contornar divergências internas e evitar que o Brasil fique isolado externamente. ;Como chegar a Copenhague e conseguir fazer valer essas ideias é o assunto que preocupa. Não adianta o Brasil reduzir suas emissões sozinho. Aí vem a posição do Itamaraty, que colocou suas dificuldades.; O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve propor uma reunião com outros países da Amazônia em novembro para articular a posição na reunião. (DM)


O número
US$ 10 bilhões

Valor da ajuda internacional que o Brasil quer por ano dos países ricos para se desenvolver sem aumentar a emissão de poluentes

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