postado em 15/10/2009 08:08
Problemas na formação continuada dos professores e até mesmo na formação inicial, além da baixa remuneração, compõem um cenário ;preocupante;, de acordo com o consultor em educação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil, Célio da Cunha.Ao comentar o estudo Professores do Brasil: Impasses e Desafios, lançado pela Unesco na semana passada, Cunha lembrou que os professores representam o terceiro maior grupo ocupacional do país (8,4%), ficando atrás apenas dos escriturários (15,2%) e dos trabalhadores do setor de serviços (14,9%). A profissão supera, inclusive, o setor de construção civil (4%).
O especialista destaca, entretanto, que é preciso ;elevar o status; do professor no Brasil. A própria Unesco, ao concluir o estudo, recomenda a necessidade de ;uma verdadeira revolução; nas estruturas institucionais e de formação. Dados da pesquisa indicam que 50% dos alunos que cursam o magistério e que foram entrevistados disseram que não sentem vontade de ser professores. Outro dado ;de impacto;, segundo Cunha, trata dos salários pagos à categoria ; 50% dos docentes recebem menos de R$ 720 por mês.
[SAIBAMAIS]O estudo alerta para um grande ;descompasso; entre a formação teórica e a prática do ensino. Para Cunha, a formação do docente precisa estabelecer uma espécie de ;aliança; entre o seu conteúdo e um projeto pedagógico, para que o professor tenha condições de entrar em sala de aula.
Como recomendações, a Unesco defende a real implementação do novo piso salarial e a política de formação docente, lançada recentemente. Cunha acredita que esses podem ser ;pontos de partida; para uma ;ampla recuperação; da profissão no Brasil.
;Se houver continuidade e fazendo os ajustes necessários que sempre surgem, seguramente, daqui a alguns anos, podemos ter um cenário bem mais promissor do que o atual;, disse, ao ressaltar que sem professores bem formados e com uma remuneração digna não será possível atingir a qualidade que o Brasil precisa para a educação básica. ;Isso coloca em risco o futuro do país, por conta da importância que a educação tem em um mundo altamente competitivo e em uma sociedade globalizada.;