postado em 28/10/2009 09:04
A 40 dias da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), na Dinamarca, o governo federal apresentou ontem seis projetos para reduzir emissões de gases de efeito estufa no Brasil. Chamados de Nama;s ; sigla para National Apropriated Mitigation Action ; e que, na prática, representam o conjunto de ações que serão adotadas para atenuar problemas causados pelo lançamento desses poluentes na atmosfera, os programas devem consumir cerca de US$ 2 bilhões por ano. Tratam do desmatamento da Amazônia, do cerrado e da caatinga, além do uso do etanol, controle de resíduos e de investimentos na produção de carvão vegetal.As seis propostas fazem parte de um plano considerado ;ousadíssimo; pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e que só sairá do papel caso os países mais ricos se comprometam a injetar dinheiro no Fundo Internacional de Mudanças Climáticas.
A meta brasileira é diminuir em 40% o lançamento de gás carbônico, reduzindo, até 2020, de 2,7 bilhões de toneladas de CO2 por ano para cerca de 1,6 bilhão. A primeira tarefa do ministro é convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que irá representar o país na convenção, da importância das propostas. Depois, será a vez de Lula provar que, sem os recursos internacionais, não há como garantir o sucesso e a continuidade dos programas. O governo brasileiro é membro do Grupo dos 77, composto por países em desenvolvimento, e defende que nações ricas contribuam com algo entre 0,5% e 1% do Produto Interno Bruto (PIB) anual para a manutenção dos fundos.
;Parte do esforço (20%) será feita com nossas próprias pernas. Os outros 20%, com recursos dos fundos destinados a iniciativas de contenção à emissão de CO2;, afirmou ontem o ministro, referindo-se também ao projeto brasileiro que destina 6% dos royalties do petróleo ao Fundo Nacional de Mudanças Climáticas ; a proposta está no Congresso. ;Ainda existe um grande abismo entre a posição dos países desenvolvidos e as nações em desenvolvimento. Vários Estados desenvolvidos não definiram suas metas ainda. O Brasil terá a meta mais ousada entre os países significativos em desenvolvimento e, assim, poderá ser uma ponte para evitar o fracasso no tratado de Copenhague;, destacou Minc, ressaltando, por exemplo, a posição da China e da Índia, que já anunciaram que vão aumentar a emissão de gases nos próximos anos. Temendo o fracasso da reunião mundial, Minc viaja hoje a Barcelona, na Espanha, para uma reunião de emergência convocada pelo governo da Dinamarca.
Amazônia
O desmatamento da Amazônia é o maior responsável pela emissão de CO2 no Brasil. A meta de redução é de 80%. A ex-ministra do Meio Ambiente e atual senadora Marina Silva (PV-AC) defendeu que o desmatamento chegasse a zero. Minc disse que é preciso ser mais realista: ;Para o ano que vem, quero fome zero, analfabetismo zero e desmatamento zero no Brasil. Entre a intenção e o gesto, precisamos ser menos propagandistas e mais realistas;, afirmou.
Receita verde do governo
Como o Ministério do Meio Ambiente pretende reduzir as emissões de gás carbônico no país:
; Diminuição do desmatamento na Amazônia e em outros biomas;
; Integração entre lavoura e pecuária;
; Recuperação de áreas degradadas;
; Plantio direto na palha (técnica que proporciona melhor conservação do solo);
; Maior controle na emissão de poluentes de veículos;
; Difusão do uso de biocombustíveis;
; Siderurgia sustentável com uso de carvão verde.
Fonte: Ministério do Meio Ambiente (MMA)