Brasil

Após estudante quase ser linchada, universidades recomendam "roupas adequadas"

postado em 31/10/2009 09:11
Uma semana depois do tumulto provocado por uma aluna de 20 anos que usava minissaia, a Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban), em São Bernardo do Campo, Região do ABC, orientou os alunos a usarem roupas "mais adequadas" na hora das aulas. Na quinta-feira da semana passada, a aluna Michele (nome fictício) teve que sair da universidade escoltada por policiais porque os alunos ameaçaram linchá-la devido aos trajes que vestia. Confira vídeo do momento em que aluna sai escoltada pela polícia Ontem, Michele foi à outra unidade da universidade para ser ouvida informalmente por uma sindicância aberta a fim de tentar identificar os autores das agressões verbais, já que a estudante foi xingada por rapazes que a chamavam de prostituta. A retirada da estudante da universidade foi filmada e divulgada num site, o que só fez aumentar a polêmica. A estudante Catarina Leão, 21, do Centro Estudantil da Uniban, conta que Michele sempre usou roupas curtas e maquiagem pesada para chamar a atenção. "Houve dias em que ela veio com uma blusa transparente que mostrava os seios. A roupa era provocante e inadequada", disse. Michele cursa turismo. Em um blog que mantém na internet, ela justificou que sempre gostou de roupas curtas. Disse que é uma garota moderna e que as pessoas não estão preparadas para a ousadia. "Sempre usei vestidinhos curtos, como outras meninas da minha idade." Aos membros da sindicância, Michele contou que ninguém a repreendeu por seus trajes quando saiu de casa. As primeiras reações surgiram quando ela subiu uma rampa e os rapazes correram para olhar por baixo para tentar ver a sua calcinha. Ela diz que ficou constrangida e resolveu descer para subir pela escada. Foi nessa hora que os garotos começaram a xingá-la. Michele conta, no blog, que duas amigas a seguiram ao banheiro e pediram que ela usasse uma calça para evitar mais confusão. Ela se negou. "O que me deixa mais chocada é que muitas garotas me ameaçaram também", relata na internet. Em nota, a Uniban disse que pretende aplicar medidas disciplinares aos causadores do tumulto. "Tivemos que trancar a aluna em uma sala para evitar que ela fosse linchada", conta um professor que não quis se identificar.

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