postado em 03/11/2009 09:41
Depois de um pedido da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, teve de traçar novos rumos em relação à proposta brasileira de redução de gases de efeito estufa que será levada, em dezembro, à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15) em Copenhague. Na reunião marcada para hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, onde a intenção é bater o martelo sobre a posição do Brasil, ele vai apresentar um novo estudo. Desta vez, levará em conta uma meta de crescimento econômico maior, entre 5% e 6% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2020. A mudança nos estudos técnicos da área ambiental ocorreu depois que a preferida por Lula para sucedê-lo reclamou que seria difícil cumprir sugestões ambiciosas para reduzir a poluição se a economia do país estiver em ritmo acelerado.Minc diz que manterá a projeção anterior, feita por ele e já apresentada ao presidente, de reduzir em 40% os gases de efeito estufa, mesmo levando-se em conta que, quanto maior o PIB (a soma de todos os bens e serviços produzidos no país), maior a quantidade de poluição jogada na atmosfera. Antes, a previsão de crescimento era de 4%. Segundo ele, serão necessárias novas medidas para garantir o resultado. ;A ideia será possível, mas vai exigir um nível de esforço bem maior para conseguirmos esse resultado;, justifica.
O ministro não antecipa detalhes de como conseguirá a façanha, mas se desdobrou ontem, durante o feriado de Finados, para afinar as ideias e apresentá-las hoje a Lula, numa tentativa de concluir de uma vez por todas os planos do Brasil para a conferência que começa em pouco mais de um mês. A meta brasileira para redução de poluentes é um tema polêmico na própria cúpula do governo. A dificuldade maior está em estabelecer um consenso entre um grupo que prefere uma proposta comedida ; o Itamaraty e o Ministério da Ciência e Tecnologia ; e a ala ambientalista, que exige do governo brasileiro um compromisso mais radical na área.
[SAIBAMAIS]O Ministério do Meio Ambiente defende o congelamento até 2020 do patamar de emissões de poluentes despejados na atmosfera registrado em 2005, que foi de 2,2 bilhões de toneladas. Hoje, o país emite o equivalente a 2,4 bilhões e, com a falta de políticas de contenção, pode chegar a 2,8 bilhões em 11 anos. A posição entra em confronto com o que já expressou publicamente a ministra Dilma Rousseff. O argumento é o de que a meta ambiciosa pode impactar a economia do país, além de desagradar grandes parceiros comerciais como China e Índia, que integram o G77 (grupo de países em desenvolvimento do qual o Brasil faz parte) e estão menos preocupados em frear a poluição devido ao crescimento a pleno vapor.
Consenso
O único ponto de consenso na cúpula do governo até agora é quanto à redução do desmatamento da Amazônia em 80% até 2020. Para se chegar a esse resultado, ainda existe um complicador no Congresso: a aprovação de um projeto polêmico que cria mil vagas para reforçar a atuação do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes.
Minc também levará hoje à mesa de negociação ; composta por Lula, Dilma e os ministros da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, e das Relações Internacionais, Celso Amorim ; a implantação de seis projetos que envolvem a prevenção do desmatamento da Amazônia, do Cerrado e da Caatinga, o incremento na política de etanol, o controle de resíduos e investimentos na produção do carvão vegetal. A investida custaria US$ 2 bilhões por ano, com ajuda do dinheiro dos países ricos que se comprometerão a colocar dinheiro no Fundo Internacional de Mudanças Climáticas.
"A ideia será possível, mas vai exigir um nível de esforço bem maior para conseguirmos esse resultado"
Carlos Minc, Ministro do Meio Ambiente
Novos valores
O que Minc defende para a COP 15:
#Distribuir aos estados da Amazônia uma compensação financeira pela preservação da floresta
#Estipular as taxas de emissão de poluentes para 2020 baseadas nos índices gerados em 2005, o equivalente a 2,2 bilhões de toneladas
#Criar projetos de prevenção ao desmatamento da Amazônia, do Cerrado e da Caatinga
#Incrementar a política nacional de etanol
#Adotar política de controle de resíduos sólidos
#Investir na produção do carvão vegetal
O que é consenso no governo até agora:
Redução de 80% do desmatamento da Amazônia até 2020