Rodrigo Couto
postado em 08/11/2009 10:01
Apesar das duas denúncias - uma em 20 de outubro e outra no último dia 4 - de violação de caixas com as provas do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), o Ministério da Educação (MEC) confirmou a realização da avaliação em 997 municípios do país, incluindo Brasília, neste domingo (8/11), a partir das 13h. Realizado desde 2004, o teste foi concebido com a missão de verificar o desempenho dos estudantes com relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares dos cursos de graduação. A expectativa do governo federal é que pelo menos 1,1 milhão de universitários brasileiros de 22 áreas de graduação respondam às questões do exame. No Distrito Federal, 35 mil estudantes devem participar.
A denúncia mais recente de fraude no Enade foi feita na Paraíba pelo advogado e professor de direito da União de Ensino Superior de Campina Grande (Unesc) Bruno Cadé. Na semana passada, ele entrou em contato com a Polícia Federal para relatar a abertura de uma caixa contendo provas do Enade na unidade de distribuição dos Correios em Campina Grande. O MEC estuda acionar a Justiça contra o educador por causar instabilidade e questionar a credibilidade do sistema de avaliação.
[SAIBAMAIS]Diante das possíveis irregularidades na segurança do Enade, a deputada federal Fátima Bezerra (PT-RN), vice-presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, considera o caso da Paraíba insuficiente para invalidar todo o processo de avaliação das provas, "pois apenas uma das caixas foi rompida, mas nenhum dos invólucros onde ficam as provas, de fato, foi violado, conforme noticiou a imprensa".
Já o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), ex-governador do DF e ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB), defende a descentralização da logística. "As fraudes em exames e concursos não são novidade no Brasil. A diferença nesses últimos casos, envolvendo o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e o Enade está no tamanho do impacto das fraudes. Já não se trata de um fato localizado em uma ou outra região do país, mas em todo o território nacional. A solução para este problema logístico está na descentralização do processo", afirma.