O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek, disse que a hidrelétrica está preparada para produzir e transmitir energia na sua capacidade máxima e em total segurança. Segundo ele, é quase impossível ocorrer novamente um blecaute como o da semana passada, que deixou 18 estados no escuro.
;Foi um acontecimento raro, dá para afirmar que as chances de se repetir são de três em mil. Em 26 anos de operação de Itaipu, tivemos problemas em uma, duas linhas de transmissão, mas nunca no conjunto;.
O problema ; reafirmou - ocorreu na transmissão da energia que é produzida pela hidrelétrica e distribuída para o sistema brasileiro. ;E nesse processo são tomados todos os cuidados. São cinco linhas grandes, com distância larga uma da outra. Em mil quilômetros, três linhas de transmissão ficam separadas por até 20 quilômetros de distância. Em apenas três quilômetros elas se aproximam para entrar e sair das subestações e foi ali que o problema aconteceu; ; explicou à Agência Brasil.
Foram desligadas as três linhas que seguem de Itaipu para as subestações de Ivaiporã (PR), Itaberá (SP) e Tijuco Preto (SP). De acordo com Samek, o serviço de meteorologia do estado enviou boletim mostrando grande quantidade de raios na região de Itaberá na tarde do último dia 10.
;Foi uma somatória - ventos fortes, chuvas e descargas elétricas - que provocaram o curto-circuito;.
No dia do apagão, às 13h23, um raio caiu na região de Itaberá. A transmissão foi interrompida e retornou em alguns minutos. Como o sistema estava operando com folga, graças às constantes chuvas no Sul do país, o Operador Nacional do Sistema (ONS), justamente naquela tarde, dispensou 1.400 megawatts dos 12.600 produzidos por Itaipu.
Segundo o diretor, quando ocorrem acidentes considerados de grande proporção são repostos pela ONS, a partir da energia produzida por outra usina, no máximo 6 mil megawatts e a exigência de 12 mil megawatts (ou seja, o que havia sido dispensado no dia do blecaute) acabou por constituir carga muito grande para ser realizado um backup rápido. Tal dificiência justifica, segundo Samek, os investimentos que o Brasil tem feito no setor.
;Desde a construção da Usina de Tucuruí (PA) não se investia tanto. As duas usinas do Rio Madeira - Santo Antônio e Jirau -; Belmonte, no Rio Xingu (PA); e o projeto Tapajós, que vai do Maranhão ao Pará, vão produzir mais do que Itaipu", observou. De acordo com ele, Itaipu continuará sendo a maior usina do mundo em produção de energia, mas a dependência do Brasil em relação à hidrelétrica diminuirá. ;Se (as outras usinas) já estivessem em funcionamento, não teríamos tido o blecaute;, garantiu.
Itaipu tem 18 unidades geradoras em funcionamento: nove unidades geradoras de 60 hertz (Hz) e nove unidades geradoras de 50 Hz. A produção total é de 10.450 MW. Desses, 9.800 MW são destinados ao sistema integrado brasileiro e 650 MW para atender ao Paraguai. Com 14.000 MW de potência instalada, fornece 19,3% da energia consumida no Brasil e abastece 87,3% do consumo paraguaio.