postado em 19/11/2009 18:44
Cerca de 20 manifestantes do Movimento pela Libertação de Cesare Battisti estão acampados em frente ao Centro Cultural Banco do Brasil, sede provisória da Presidência da República, na tentativa de uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o italiano permaneça no país. O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou nesta quarta-feira (18/11) a extradição do italiano, mas definiu que a palavra final será de Lula. [SAIBAMAIS]O grupo disse que encontrou nesta quinta (19/11) com Battisti, que está na Penitenciária da Papuda, em Brasília. Segundo a professora e representante do movimento, Rosa Fonseca, o ex-ativista de esquerda está nove quilos mais magro devido a greve de fome iniciada há sete dias, porém confiante que não será extraditado para a Itália.
;Ele está mais esperançoso que o presidente Lula possa garantir sua liberdade [continue no Brasil]. Esperamos que o presidente não negue seu passado de preso político;, afirmou Rosa, uma das manifestantes retiradas à força ontem do plenário do STF no início do julgamento sobre a extradição.
De acordo Rosa, três integrantes do acampamento irão fazer greve de fome em solidariedade a Battisti. Para a manifestante, a autorização da Corte máxima da Justiça brasileira de extraditar o ex-ativista foi ;uma aberração;, já que, segundo ela, a Constituição prevê que este tipo de decisão deve ser tomada pelo Executivo, por se tratar de assunto entre Estados. Ela diz que não há registro em outra parte do mundo de preso político com status de refugiado que fica preso no país em que solicitou o refúgio e corre o risco de ser expulso.
O pedido de audiência do grupo com Lula é intermediado por parlamentares, entre eles, o senador José Nery (PSOL- PA). O presidente não está na capital federal. Ele cumpre agenda em Guamaré, no Rio Grande do Norte, e nesta sexta (20/11), em Salvador.
Ema viagem à Itália nesta semana, o presidente Lula sinalizou que iria acatar a decisão do STF, caso fosse determinativa, mas não afirmou qual posição adotaria se o Judiciário lhe atribuísse o desfecho do caso. O presidente deve consultar agora o Ministério da Justiça, que concedeu o status de refúgio a Battisti em janeiro, e a Advocacia-Geral da União para dar a resposta final.
Ex-integrante da organização de esquerda Proletários Armados pelo Comunismo, Battisti foi condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos na década de 70, na Itália. O escritor ficou exilado na França, e no México até chegar ao Brasil, onde foi preso há dois anos no Rio de Janeiro.