Agência France-Presse
postado em 25/11/2009 10:12
ROMA - O ex-ativista italiano de extrema esquerda Cesare Battisti acredita que ficará no Brasil, apesar de ter afirmado que tem a intenção de retornar um dia para a Itália, "mas não algemado", em uma entrevista publicada pelo jornal italiano La Repubblica."Francamente, acredito que mesmo para (Silvio) Berlusconi esta história não tem nenhuma importância. Acredito que ficarei no Brasil. Com exceção de alguns ministros fascistas, os demais permanecerão tranquilos", afirmou na entrevista realizada na prisão em Brasília.
Cesare Battisti rompeu na terça-feira a greve de fome que havia iniciado 11 dias antes, como "mostra de confiança no presidente" Luiz Inácio Lula de Silva, que deve tomar uma decisão sobre sua extradição.
Sem um pronunciamento direto, Lula deu a entender que é contra a extradição de Battisti.
"Trinta anos depois sou um troféu. Por isto se revoltam na Itália. Já não resta ninguém daquela época na prisão e agora querem que eu pague por todos", declarou.
"Já repeti várias vezes, fui condenado à revelia com base nos depoimentos de arrependidos que obtiveram reduções das condenações".
"Voltarei um dia ou outro a Itália, mas não algemado", prometeu.
Battisti, 54 anos, que recebeu do Brasil em janeiro o estatuto de refugiado político, foi acusado de quatro mortes na Itália no fim dos anos 70 quando era membro do grupo "Proletários Armados a favor do Comunismo".
A justiça italiana o condenou à revelia à prisão perpétua.
Em uma votação apertada e controversa, o Supremo Tribunal do Brasil aprovou em 18 de novembro a extradição de Battisti para a Itália, mas decidiu que compete ao presidente Lula a decisão final.