Marta Vieira - Especial para o Correio
postado em 26/11/2009 15:45
A reação do emprego na Grande Belo Horizonte (MG) e o aumento dos vencimentos pagos em setembro à população levaram a renda do trabalho ao maior valor já apurado no entorno da capital mineira nos últimos 14 anos. O rendimento médio de quem estava trabalhando naquele mês somou R$ 1.253, descontada a inflação, representando expressivo crescimento, de 2,5% na comparação com agosto e de 5,9% frente setembro do ano passado, quando a crise econômica mundial estourou. A cifra é a maior de toda a série da Pesquisa de Emprego e Desemprego na Grande BH, iniciada em janeiro de 1996 pela Fundação João Pinheiro, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social.A taxa de desemprego, que havia caído de 10,9% em agosto para 10,4% em setembro, mostrou nova queda para 10% em outubro, menor nível dos últimos oito meses. São 253 mil desempregados na região metropolitana, 9 mil a menos na comparação com o mês anterior. O comportamento dos rendimentos, que têm um mês de defasagem na pesquisa em relação aos dados do emprego, surpreendeu o economista Mário Rodarte, coordenador da pesquisa pelo Dieese. O bom resultado foi influenciado por forte aumentos salariais na indústria, com média de 4,8% frente agosto, e no comércio, setor em que os vencimentos melhoraram 6,7%, em média.
;É, sem dúvida, um movimento significativo, porque meses atrás ainda estávamos sob o manto da crise. Outro fato importante é que esse aumento está distribuído em várias camadas da população;, afirma Mário Rodarte. Entre os 25% mais pobres, que ganhavam em setembro R$ 376 em média, a renda subiu 1,5%, e no grupo dos melhores rendimentos (de R$ 3.063, também na média), houve aumento de 3,3% em relação a agosto.
O aumento da renda do trabalho nas fábricas é reflexo de um volume maior de horas extras e das contratações e recontratações feitas em setembro para atender os pedidos de fim de ano que o comércio enviou com atraso, segundo Osmani Teixeira de Abreu, presidente do Conselho de Relações do Trabalho da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). ;A indústria correu atrás em setembro para recuperar o nível da produção e foi necessário contratar pessoal.;