Brasil

Jovens gays cariocas pedem mais políticas públicas específicas de prevenção à Aids

postado em 27/11/2009 20:27

Rio de Janeiro - O aumento da Aids entre homossexuais de 13 a 24 anos, segundo estudo divulgado ontem (26) pelo Ministério da Saúde, é resultado da falta de campanhas e ações públicas direcionadas especificamente para adolescentes e jovens. O alerta é do integrante do grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT, Cléber Gonçalves, que participou nesta sexta (27) do 1o Encontro Carioca de Jovens LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais).

;A principal diferença [na abordagem entre as faixas etárias] é a linguagem e as estratégias que se utilizam para a prevenção. Pessoas mais velhas têm uma taxa de infecção declinante, enquanto que os jovens têm esse índice ascendente. Isso exige metodologias alternativas e inovadoras que revertam esse quadro;, afirmou Cléber.

Para ele, os adolescentes e jovens estão mais suscetíveis ao contágio porque a maioria não presenciou o drama do início da epidemia, na década de 80, além de cultivar a crença de que os novos medicamentos, em forma de coquetel, tornaram a doença quase inofensiva.

;Nós acreditamos que esse fenômeno tenha ocorrido por uma ruptura geracional. As pessoas mais velhas sofreram o pior aspecto da Aids. Viram muitas pessoas se infectarem e morrerem por conta do HIV. Os jovens surgem pós-coquetel e começam a ver a Aids com uma certa naturalidade. Existe uma banalização da doença e, com isso, uma maior negligência em relação ao uso do preservativo;, alertou Cléber, que dentro do grupo Arco-Íris coordena o projeto Entre Garotos, direcionado especificamente para jovens gays e bissexuais.

Ele lembrou que embora o coquetel anti-Aids realmente prolongue a vida do portador de HIV, existem efeitos colaterais severos, que comprometem a qualidade de vida.

A contaminação por HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis também está aumentando entre as mulheres jovens, segundo alertou Marcelle Esteves, coordenadora do projeto Laços e Acasos, que reúne lésbicas e bissexuais, também ligado ao grupo Arco-Íris.

;Existe essa falácia de que lésbicas e bissexuais são super-mulheres, que não transam com homens na maioria das vezes, e se sentem livres de todas as doenças. Isso não é verdade, porque elas também se contaminam;, disse Marcelle.

O encontro foi realizado na sede da prefeitura do Rio, cidade considerada como um dos principais destinos gays do mundo, por sua diversidade e tolerância. Para o representante da coordenadoria de Saúde municipal, Fernando Zikan, isso aumenta ainda mais a responsabilidade do poder público na questão.

;O prefeito Eduardo Paes, na última Parada Gay, propôs a criação de um comitê de atenção ao público LGBT, ligado ao gabinete dele;, lembrou Fernando. Segundo a assessoria da prefeitura, no entanto, ainda não há prazo definido para a criação do novo comitê.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação