Paulo de Sousa
postado em 28/11/2009 07:00
Crack apreendido no Rio Grande do Norte: droga se expande nas capitais do Nordeste
Foto: Carlos Santos/DN/D.A Press
Natal e Recife ; Números da Delegacia Especializada de Narcóticos (Denarc) da capital do Rio Grande do Norte mostram um gradual aumento nas apreensões de crack feitas nos últimos anos. Enquanto que em 2007 foram apreendidos 11,28kg da droga, no ano seguinte, a quantidade foi de 24,53kg. E, de acordo com o delegado titular da unidade policial, Odilon Teodósio, neste ano já chega a 18kg. Enquanto isso, segundo as mesmas estatísticas, as apreensões de maconha e cocaína têm caído. Para o delegado, isso se deve ao fato de o crack ser ;bem mais barato, vende e vicia mais rápido;.
Para o delegado, o crack já atinge toda a Natal e não existem bairros onde a concentração de venda seja maior. ;A questão, na verdade, está nos bairros com maior população e periféricos. Os mais críticos são o das Quintas, Felipe Camarão, Alecrim e um pouco no Vale Dourado.; Odilon Teodósio confirma o fato de que jovens de classe média também consomem a droga. ;Um dia desses eu presenciei um caso em que dois garotos tinham empenhado o carro do pai numa boca de fumo por causa de dívidas com um traficante.;
;Este ano estamos com cerca de 200 inquéritos e os de apreensão de crack devem chegar a 180.; Odilon Teodósio explica que a forma mais comum de o crack chegar à Natal é a partir do Paraguai, seguindo a rota pelo estado de São Paulo. ;O traficante compra o quilo da pasta base lá por R$ 5 mil e arranja uma forma de atravessar por Foz do Iguaçu. Depois vai para São Paulo, que distribui para todo o país. Aqui ela chega de diversas formas e sempre em pequenas partes, para não se perder todo o carregamento, passando pelas estradas de fronteira com a Paraíba.; Para combater o tráfico, o delegado diz que há um projeto de monitoramento das fronteiras a ser implementado. ;Por enquanto, fazemos o trabalho de acordo com nossa estrutura.;
Pernambuco está entre os maiores produtores de maconha do país e há cerca de cinco anos a erva vem dividindo cada vez mais espaço com o crack. A droga está disseminada na capital, no interior e até mesmo na zona rural do estado. Sabe-se de denúncias em pontos valorizados da cidade, como a Rua da Aurora, no centro, e a orla de Boa Viagem, na zona sul; e em regiões já conhecidas pelo tráfico de drogas a jovens de classe média, como o Bairro do Recife, também no centro. Segundo a Polícia Civil pernambucana, os dependentes fumam rapidamente, o que impede muitas vezes flagrantes dos transeuntes e da polícia, diferente da maconha, que ainda chama atenção pelo cheiro.
Vocabulário
Conheça algumas expressões típicas de quem usa crack, ouvidas em diversas capitais do país e em cidades do interior:
PAULADA
fazer uso do crack
FRITAR LATA
fazer uso do crack
RECHEIO
borras de crack que ficam dentro das latas, usadas para uma segunda paulada
PEDRITA
meninas usuárias de crack
NOIA
usuário dependente
PEDREIRO
usuário dependente
MESCLADO
cigarro de maconha misturado com o crack
BOTOU NA LATA
ato de vender algum pertence para usar crack
PARANGA
apelido dado à pedra
; POR DENTRO DAS CRACOLÂNDIAS
; CHAPAQUISTÃO, O TERRITÓRIO DO CRACK
; CONSUMO À CÉU ABERTO
; PEDRA COM SOTAQUE NORDESTINO