Nicole, agora mulher, loura e de estatura mediana, usava tênis, saia jeans, top azul e colar quando abriu a porta de seu apartamento, a uma quadra da praia de Copacabana, Zona Sul do Rio, para atender à reportagem. O encontro foi na semana passada. Ela não fazia ideia de que seu processo havia chegado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ao ser informada, levou um susto. ;Até onde sei, a ação havia sido arquivada. Não sei o que aconteceu;, disse. [SAIBAMAIS]A dançarina contou que iria procurar sua advogada para saber o que havia ocorrido. Ela explicou que, no meio do caminho, decidiu trocar de representante legal. Motivo: a demora. Queria que o processo não tramitasse de forma tão lenta, que seu pedido fosse logo atendido. Ela tinha pressa. Já faziam quatro anos desde que havia começado a tomar os medicamentos necessários à realização da cirurgia. O prazo indicado era de apenas dois anos. Estava, portanto, apta para ser operada. O uso dos remédios por mais tempo poderia levá-la à morte. O sonho dela tornou-se realidade em 2005, ano em que a Justiça do Rio de Janeiro disse sim à cirurgia. O procedimento, no entanto, não foi fácil. Nicole passou por muitas complicações e diz que quase morreu. Em outra ação, ela processa o estado pelas perdas materiais e morais que sofreu. Nicole não quer aparecer, tenta evitar que seus vizinhos saibam do que ocorreu, e não está disposta a levantar bandeiras. Disse que seu objetivo, ao pedir à Justiça que obrigasse o estado a pagar a cirurgia, era somente o de ter atendido um direito de cidadã. Agora, quer seguir em frente. ;Sou uma pessoa normal. Quero apenas ser feliz.;
Memória 15 anos de luta
A luta de Roberta Close para trocar de nome durou 15 anos. A mais famosa transexual brasileira, capa de revistas masculinas e destaque de carnaval na década de 1980, nasceu Luiz Roberto Gambine Moreira, em dezembro de 1964. Em 1989, fez a cirurgia de mudança de sexo na Inglaterra. Entrou na Justiça para ter direito a mudar oficialmente de nome. Após conseguir uma vitória em primeira instância, viu o processo ser arquivado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 1997. Entrou na Justiça de novo e, em 2005, obteve autorização da 9; Vara de Família do Rio de Janeiro para, enfim, deixar de ser chamada de Luiz Roberto.
Procura maior <--
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--> <-- --> De acordo com o Ministério da Saúde, aumentou o número de cirurgias de mudança de sexo no país de um ano para cá. Veja onde foram realizados os procedimentos: Em 2008, foram realizadas 10 cirurgias. Seis no Rio Grande do Sul e quatro no Rio de Janeiro Este ano, das 13* cirurgias, cinco foram no Rio de Janeiro, quatro no Rio Grande do Sul e quatro em Goiás *Os dados são relativos ao primeiro semestre Fonte: Ministério da Saúde