Brasil

Criminosos internacionais recrutam jovens devido à facilidade com que eles se misturam aos passageiros comuns

Lucas Figueiredo
postado em 06/12/2009 10:25
O perfil das "mulas" presas em flagrante com cocaína no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, Belo Horizonte (MG), revela o profissionalismo do tráfico coordenado pela máfia nigeriana a partir de São Paulo. Em geral, os traficantes aliciam jovens com passaporte europeu para transportar a droga, já que eles podem se misturar com mais facilidade aos turistas frequentes nos voos internacionais. [SAIBAMAIS]Cidadãos alemães, belgas, espanhóis, búlgaros, romenos e poloneses já foram detidos em Confins tentando embarcar com cocaína. Muitos deles nasceram na África, em países como Mali ou Serra Leoa, e obtiveram a cidadania europeia. Quanto mais o passaporte da "mula" tiver carimbos, maiores são as chances de ela ser confundida com um turista e passar pelas barreiras policiais e de fiscalização. Usuários ou viciados em drogas e desempregados costumam aceitar a perigosa empreitada, que muitas vezes termina na cadeia. Os traficantes internacionais estão sujeitos a penas que variam de cinco a 15 anos de reclusão. Como são presos em flagrante com grandes quantidades de cocaína, a condenação é quase certa. "Muitas dessas mulas estrangeiras terminam cumprindo pena nos presídios de Minas Gerais. Mas isso também não é bom, pois introduz na população carcerária indivíduos de outras culturas, com conceitos de criminalidade diferentes", afirma o delegado João Geraldo de Almeida. Muitas vezes, o traficante internacional que cumpre pena no país acaba ensinando aos presidiários brasileiros modalidades de crimes mais sofisticados, até então desconhecidos dos detentos. Um exemplo: um traficante brasileiro que até então se movimentava apenas no submundo do crime nacional pode aprender, na cadeia, a se conectar com organizações estrangeiras. "O criminoso estrangeiro só traz problemas", afirma o delegado Almeida.

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