postado em 13/12/2009 15:34
Receoso de ver crianças trabalhando antes do tempo em pequenos empreendimentos turísticos ou se envolvendo com as drogas, o presidente da associação de moradores da pequena comunidade pesqueira de Pouso da Cajaíba, em Paraty, sul fluminense, quer instalar na praia uma escola capaz de aliar o ensino fundamental à educação ambiental e aos hábitos tradicionais.Na comunidade, onde vivem cerca de 80 famílias, só funciona uma escola de 1; série. De acordo com denúncia do Conselho Tutelar de Paraty, cerca de 60 jovens estão sem estudar. Sem uma unidade para atendê-los, a comunidade, localizada em um praia acessível somente por barco, cobra da prefeitura a oferta de transporte escolar marítimo, no curto prazo.[SAIBAMAIS]
O presidente da associação, conhecido como Ticote, 51 anos, da quinta geração de pescadores nascidos na praia, diz que perdeu as contas do tempo em que cobra a ampliação da atual escola e tenta parceria com a prefeitura para o transporte. Segundo ele, com o avanço da atividade pesqueira de grandes barcos, a principal fonte de renda da comunidade foi prejudicada e os pais não têm como contratar barcos ou levar as crianças até escolas de Paraty.
"Quem nasceu no Pouso e conseguiu estudar é porque saiu daqui. Mas não são todos que conseguem sustentar os filhos", afirmou. A saída para a cidade também não seria a melhor opção. Na opinião de Ticote, o ideal é que os jovens possam escolher entre ter um vida digna na comunidade ou viver na cidade. A solução para a comunidade, defende, seria uma escola modelo, inclusive com cursos profissionalizantes de maricultura e turismo, por exemplo.
No Pouso da Cajaíba, as famílias vivem, na maioria, do turismo, trabalhando nas pousadas e até na construção das unidades. Poucos têm empreendimentos na orla, embora alguns tenham instalado áreas de acompamento muito concorridas em época de férias ou feriados. Na praia, atendem em pequenos bares, padarias ou vendem peixes aos turistas. Isso porque, sem energia elétrica, o beneficiamento do pescado também sai muito caro para os moradores que usam geradores no cotidiano.
%u201CPensamos numa capacitação para aproveitar melhor as possibilidades de receber bem. Perdemos clientes, por exemplo, para as pousadas das pessoas que vieram de fora [e se instalaram no Pouso]. Elas divulgam na internet, nós não temos isso. Queremos nos preparar também para organizar excursões para cachoeiras, trilhas e grutas... A escola podia forma monitores%u201D, sugere.
Como alternativa à falta de emprego na praia, Ticote propõe também projetos profissionalizantes como escolinhas para a recuperação de barcos danificados e para construção de embarcações caiçaras tradicionais, feitas com madeira da mata. Segundo ele, falta mão de obra especializada na construção e reparo de barcos em Paraty. %u201CTemos um senhor aqui que ainda constrói barcos. Ele poderia ensinar", completou.