Brasil

Pesquisa mostra que os jovens começam a beber com 13 anos

Pesquisa do IBGE mostra que mais de 70% dos estudantes entre 13 e 15 anos já experimentaram álcool e um quarto deles fumou cigarro

Rodrigo Couto
postado em 19/12/2009 08:02

[FOTO1]Apesar de o governo federal justificar que tem programas para combater os principais problemas enfrentados pelos adolescentes brasileiros, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse que ficou preocupado com os resultados da Pesquisa Nacional da Saúde Escolar (Pense), divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o levantamento realizado com 60.973 alunos do 9; ano do ensino fundamental em 1.453 escolas públicas e privadas de todas as capitais e do Distrito Federal, na faixa etária de 13 a 15 anos, a maioria (71,4%) já experimentou bebida alcoólica alguma vez, e outros 24,1% colocaram um cigarro na boca em algum momento. ;Essa pesquisa é muito importante porque ela vai nos ajudar a, primeiro, avaliar o que está acontecendo com essa garotada, e também a aperfeiçoar as políticas públicas e permitir que nós possamos enfrentar os resultados e os dados que estão aparecendo;, destacou Temporão. O ministro da Saúde atribuiu o alto índice de consumo de álcool nessa parcela da população às campanhas publicitárias. Segundo Temporão, os jovens são estimulados a beber desde cedo por causa das propagandas. ;O Ministério da Saúde é favorável à regulamentação da propaganda de bebida. A maioria dos países tem regras claras para veicular esse tipo de anúncio;, defendeu. Os locais mais citados pelos adolescentes para o contato com o álcool foram as festas (36,6%), seguido de supermercados, lojas e bares (19,3%), e até a própria casa (13%). Questionados sobre a reação dos seus familiares, diante da possibilidade de chegarem embriagados em casa, 93,8% afirmaram que os pais se importariam muito. ;Nunca entrei bêbada em casa;, diz Beatriz de Souza, 16 anos, estudante do 9; ano do ensino fundamental. Já a colega, Mônica Lima, 13, afirma que sequer experimentou bebida alcoólica. ;Nunca provei. Só tomei uma vez um líquido que tinha numa garrafa colorida;, diz, referindo-se a uma marca de bebida alcoólica que lembra um refrigerante. Líder mundial em causas de mortes que podem ser prevenidas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o ato de fumar é uma das principais práticas para aumentar o risco de doenças. Mesmo assim, 24,1% declararam já ter fumado. Esse percentual cresce para 25,7% nos estabelecimentos da rede pública e cai para 18,3% entre os jovens frequentadores das escolas privadas.

Ouça entrevista com a professora do Instituto de Psicologia da USP Leila Cury Tardivo
Bullying Além do alto consumo de álcool entre os jovens, outro dado que chama atenção na pesquisa é o chamado bullying (do inglês, valentão), caracterizado por comportamentos com diversos níveis de violência. No Brasil, aproximadamente 30,8% dos estudantes já declararam ter sofrido algum tipo de violência nas escolas. Professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, Leila Cury Tardivo acredita que o percentual seja bem maior. ;É um número alto e grave. Além das escolas e da família, o Estado deve intervir para coibir essa prática;, afirma.

;Quem é vítima de bullying sofre duplamente, pois, além do ato violento, é, muitas vezes, hostilizado pelos pais, uma vez que não reagiu à violência;, explica. Aluna do 9; ano do ensino fundamental, Gabriele Oliveira afirma já ter sofrido ato violento. ;Fui vítima de uma agressão em frente à escola;, diz a moradora de Taguatinga Sul, região administrativa próxima a Brasília. No DF, 29,1% sofrem, às vezes, bullying, enquanto o índice nacional é de 25,4%. Quase 7% dos brasilienses disserem ser vítimas quase sempre ou sempre do ato. A média do pais ficou em 5,4%. A Pense também abordou a saúde sexual e reprodutiva. Pelo menos 30,5% dos alunos já tiveram relação sexual. Nesse quesito, os meninos (43,7%) superam as meninas (18,7%). No DF, o percentual total é de 26%. Os estudantes brasilienses do sexo masculino (37,7%) também são mais experientes sexualmente do que as alunas (16,4%). O levantamento nacional apontou ainda que aproximadamente 80% (75,9%) revelaram ter usado preservativo na última relação.

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