Depois que as provas do Enem foram roubadas e o exame teve de ser remarcado, Haddad defendeu que grandes avaliações deveriam estar livres da lei de licitações. Segundo ele, esse foi o motivo para que um consórcio que não tinha a experiência necessária ficasse à frente do exame.
O ministro sugeriu que o Estado tivesse uma estrutura para atuar na organização de concursos e citou o Centro de Seleção e Promoção da Universidade de Brasília (Cespe/UnB) como uma instituição estatal que tinha inteligência acumulada para fazer esse serviço. Foi justamente o diretor-geral do Cespe, Joaquim José Soares Neto, que assumiu a vaga de Fernandes com a missão de ;consolidar; o exame.
O Enem foi criado em 1998 e é voluntário. Mas a participação cresceu muitos nos últimos anos depois que ele passou a ser pré-requisito para estudantes que querem pleitear uma bolsa no Programa Universidade para Todos (ProUni).
Para 2010, o plano do MEC era mais ambicioso. A ideia era que o exame substituísse, gradualmente, o vestibular de todas as universidades federais. Reitores reuniram seus conselhos universitários e foi grande a adesão: mais de 40 das 55 instituições federais incorporaram o Enem aos seus processos seletivos, além de algumas universidades estaduais.
A prova foi reformulada, cresceu em tamanho e em conteúdo. Mais de 4 milhões de inscrições chegaram até o Inep. Tanta expectativa foi frustrada às vésperas do exame, marcado para os dias 3 e 4 de outubro. Um dos funcionários do Consórcio Nacional de Avaliação e Seleção (Connasel), responsável pela realização da prova, roubou alguns exemplares da gráfica que imprimia o material e tentou vendê-los ao jornal Estado de S. Paulo. Descoberta a fraude, o MEC decidiu adiar o exame.
Em dezembro a e na avaliação do MEC, o processo ocorreu ;com tranquilidade;. Mas o índice de abstenção registrado foi recorde: . Menos de 15 dias depois, Reynaldo deixou o cargo. Em carta enviada aos funcionários do Inep, disse que ;não sai feliz, mas tranquilo;, com a certeza de que se dedicou ;ao máximo ao Inep e à educação do país;.
Os resultados do Enem só devem sair em fevereiro. Até lá, o MEC precisa ainda colocar no ar o Sistema de Seleção Unificado (Sisu). É nessa plataforma que os alunos irão se inscrever para disputar as vagas nas federais. Segundo o ministro, as chances de aprovação serão multiplicadas. Mas isso, os estudantes só poderão conferir no ano que vem.