postado em 05/01/2010 09:43
Angra dos Reis (RJ) - Cerca de 120 desabrigados pelas fortes chuvas que atingiram Angra dos Reis na última sexta-feira (1;) estão alojados em uma escola pública no Morro do Abel, no centro da cidade. O Abel é vizinho ao Morro da Carioca, onde um deslizamento de terra matou pelo menos 21 pessoas no dia da chuva.
Alojados em salas de aula, os desabrigados contam com as doações que estão sendo entregues à prefeitura. Enquanto as crianças brincam no abrigo improvisado, alheias ao desastre que afetou suas vidas, os adultos tentam esquecer os maus momentos que viveram naquela madrugada.
Alguns deles poderão até voltar a suas casas um dia, mas outros não. É o caso de Jucilene Nunes da Costa, de 25 anos, cuja casa onde morava com o marido e dois filhos no Morro da Carioca foi parcialmente afetada pelo deslizamento e será demolida pela Defesa Civil.
;Minha cunhada está correndo atrás do aluguel social, para a gente poder sair daqui. Porque ficar aqui não está adiantando nada. Aqui a gente fica perto do morro. Mas eu não quero ficar mais nesse morro, quero sumir daqui, porque você acha que vai acontecer tudo de novo. A gente não dorme. Eu estou aqui sem dormir;, conta.
Maria da Glória da Silva, de 34 anos, chegou a ser parcialmente soterrada no deslizamento do Morro da Carioca, mas foi resgatada com vida e levada para o abrigo com seu marido, onde tenta se recuperar do trauma. Sua casa também foi condenada pela Defesa Civil e, por enquanto, terá que contar com o apoio do abrigo.
;É uma pena que não posso trazer o meu cachorro para cá, porque sou muito apegada a ele;, diz a sobevivente. No meio da frase, ela se vira à agente da Defesa Civil que cuida do abrigo improvisado, como se pedisse permissão para que o cachorro fique dentro da escola junto com ela, o que é negado.
A Defesa Civil já demoliu cerca de dez casas no Morro da Carioca. De acordo com a prefeitura de Angra dos Reis, um total de 100 residências localizadas em áreas de risco serão demolidas naquele morro. O prefeito Tuca Jordão afirmou que as 100 famílias receberão o aluguel social da prefeitura, no valor máximo de R$ 510.
O prefeito também proibiu ontem (4) novas construções e até ampliações de casas nos morros da cidade. A medida vale até que a Geo-Rio, empresa de geotecnia da prefeitura do Rio, conclua um estudo feito em Angra a pedido do governo do estado.
O prefeito também decretou estado de calamidade pública no município. O decreto permite que autoridades administrativas envolvidas com ações de defesa civil entrem nas casas a qualquer hora para prestar socorro ou determinar sua evacuação, mesmo sem consentimento do morador. Também fica permitido o uso de propriedade particular em operações para garantir a segurança da população.