postado em 05/01/2010 14:41
Cinco dias depois de ter sido devastada pela maior enchente que a cidade de São Luiz do Paraitinga já sofreu, a população tenta voltar à rotina, mas o cenário ainda é de muita desolação.Em alguns pontos já foi restabelecido o sistema de telefonia, o fornecimento de energia elétrica e o abastecimento de água, segundo informou à Agência Brasil, o tenente Marlon Robert Niglia, diretor do Núcleo de Gerenciamento de Emergência da Coordenadoria da Defesa Civil do Estado de São Paulo.
Um homem de 42 anos continuava desaparecido até o final da manhã desta terça (5/1). Nenhum caso de morte havia sido confirmado até aquele momento.
Cálculos preliminares da prefeitura dão conta de que os prejuízos podem chegar a R$ 100 milhões. Entre bombeiros, policiais militares, técnicos ambientais e profissionais da Defesa Civil 192 pessoas atuavam hoje na força tarefa para devolver a normalidade ao município.
[SAIBAMAIS]De acordo com o tenente Niglia, ainda existem 2,4 mil pessoas que não podem voltar para casa. A maioria dos desalojados foi abrigada por parentes em cidades vizinhas como Taubaté. Nos abrigos municipais, que não chegaram a ser afetados por estarem situados num ponto alto, ha;30 pessoas.
Desde ontem, técnicos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) fazem vistorias nos imóveis atingidos e também nas encostas, de modo a avaliar se ainda há riscos para a população.
O nível da água do Rio Paraitinga subiu mais de dez metros. Ruas, casas, igrejas, prédios públicos e estabelecimentos comerciais foram tomados pelas inundações e força da correnteza arrastou carros , árvores, móveis e outros objetos.
Quando a água baixou, havia veículos jogados sobre paredes e um amontoado de escombros, além de muita lama. Algumas construções, incluindo prédios históricos, ficaram em ruínas ou foram, parcialmente, destruídas.
Em entrevista à TV Brasil, o engenheiro civil, Jairo Barriello, comandante da Defesa Civil do Município, explicou que as enchentes resultaram de dois fenômenos: a cheia do rio Chapéu e a grande vasão da bacia do Paraitinga.
Segundo ele, não sobraram nem ferramentas e equipamentos do setor público municipal para os trabalhos necessários de reconstrução, como pás, enxadas, capacete e outros. A população precisa principalmente de água e muito material de limpeza.
Equipes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vinculado ao Ministério da Cultura, e do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arquitetônico, Artístico e Turístico (Condephaat), iniciaram hoje um estudo sobre os danos aos prédios históricos que somam mais de 90 construções, algumas do século XIX e entre os quais estavam as erguidas com paredes de taipa (barro socado e estruturado em esteiras de bambu ou de madeiras).
A superintendente do Iphan em São Paulo, Ana Beatriz Airosa, informou que, antes dos acontecimentos, estava em processo final o estudo que iria conceder o tombamento de São Luiz do Paraitinga, reconhecendo a cidade como não apenas como detentora de um patrimônio histórico, mas também paisagístico.
De acordo com a superintendente, nem todos os imóveis perdidos poderão ser devolvidos como eram, originalmente. ;O que a gente vê por aqui é muita desolação;, disse à reportagem da Agência Brasil por meio de um aparelho celular.