Brasil

Aeronáutica afirma ter concluído relatório sobre aviões de combate, mas não divulga conclusões

postado em 05/01/2010 21:20
Três meses após receber as propostas finais das empresas que disputam a concorrência para vender 36 novos aviões de combate à Força Aérea Brasileira (FAB), a Aeronáutica informou já ter concluído o relatório com a análise técnica que irá apontar a melhor opção de compra para o país.

Em nota divulgada nesta terça (5/1), o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica garante que o documento elaborado por uma comissão militar ainda não foi entregue ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, responsável por encaminhá-lo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem caberá a palavra final sobre a negociação.

Publicada em resposta a uma reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, a nota não menciona as conclusões a que a comissão chegou após avaliar as propostas das três empresas finalistas: a sueca Saab, fabricante do modelo Gripen NG; a norte-americana Boeing, responsável pelo caça F-18 Super Hornet e o consórcio Rafale International, liderado pela francesa Dassault.

Segundo o jornal, que afirma ter tido acesso exclusivo ao relatório da FAB, os militares recomendam que o governo opte pelo monomotor Gripen NG, o mais bem avaliado entre os três concorrentes, graças, principalmente, ao fator financeiro. Em seguida ficou o Super Hornet. O Rafale, que em setembro de 2009 chegou a ser anunciado pelo próprio presidente Lula como o vencedor da disputa, teria ficado em terceiro lugar.

Procurada pela Agência Brasil, a assessoria da FAB se limitou a dizer que o processo ainda não está concluído e que, portanto, segue em sigilo. O ministério da Defesa também não se pronunciou sobre o assunto.

O representante da Saab no Brasil, Bengt Janer, disse que a empresa soube pela imprensa da possibilidade de os militares terem recomendado a compra do Gripen.

;Precisamos aguardar a confirmação oficial, mas estamos confiantes de que nossa oferta é a melhor oportunidade para desenvolvermos uma parceria de longo prazo. Nossa proposta é desenvolvermos a próxima geração do Gripen em parceria com a indústria brasileira e vendê-lo para o mundo todo. Como atendemos a todos os requisitos operacionais [impostos pela FAB], só nos resta esperar qual será a decisão política;, disse Janer.

Janer evitou falar sobre preços, mas alguns especialistas estimam que cada Gripen custará cerca de US$ 70 milhões de dólares, metade do valor estimado para o Rafale da Dassault (US$ 140 milhões).

De acordo com Janer, o novo Gripen é uma atualização do modelo que já existia e o primeiro modelo de testes já realizou mais de 100 voos.

Aviador da FAB por mais de 40 anos, o ex-presidente da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), brigadeiro José Carlos Pereira, considera que, do ponto de vista operacional e comercial, o caça sueco é o mais apropriado, ainda que possa vir a custar mais do que o esperado.

;Do ponto de vista puramente técnico o avião sueco seria o melhor já que ele ainda está em fase de desenvolvimento. A Embraer é o que é hoje graças a acordos de transferência de tecnologia semelhantes feitos com a Itália há alguns anos;, diz Pereira. ;Quanto ao preço final, esta é uma questão de gestão. Se você não sai do desenho básico é possível controlar o preço. Eu acredito até que o preço pode ser reduzido;.

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