Brasil

Índios continuam protestos e pedem audiência com presidente Lula

postado em 12/01/2010 18:37
Manifestação em frente ao Ministério da Justiça na tarde desta terça (12), pedindo a volta dos postos indigenas que foram fechados em vários estadosÍndios de varias etnias que começaram um protesto na sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) na manhã desta terça (12), pedindo a volta dos postos indigenas que foram fechados em vários estados, continuaram a manifestação em frente ao Ministério da Justiça nesta tarde.

Aproximadamente 40 índios chegaram por volta das 15h30 ao Ministério em busca de uma audiência com a ministro da justiça, Tarso Genro, que está de férias. Sem sucesso, eles voltaram para a sede da Funai e querem uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da silva para pedir a revogação do decreto 7.056, assinado pelo presidente Lula em 28 de dezembro, que reestrutura o funcionamento da entidade. Ao todo, 15 administrações serão fechadas ou reestruturadas em diversos estados do país. Entre elas, a da Paraíba e a do Recife.

De acordo com o cacique geral dos índios Portiguara, da Paraíba, que se apresentou como Caboquinho portiguara, os índios deveriam ter sido consultados e, por isso, eles continuarão em Brasília até que cheguem a um acordo. "O presidente está descumprindo a convenção que fala que temos o direito da consulta prévia. Ele ainda está extinguindo algumas administrações e alguns postos do brasil", diz o cacique. "Viemos para Brasília pedir a revogação do decreto 7.056 para que tenhamos uma outra discussão de um projeto que venha atender a toda a comunidade indigena e não a poucos somente", explica.

Os índios Potiguara, da Paraíba, passaram a noite em frente ao prédio, na Asa Sul. A administração regional da Funai de João Pessoa foi fechada pelo decreto. Já a terceira maior população de índios do Brasil - os cerca de 40 mil assistidos pela administração pernambucana - passará, a partir do decreto, a ser atendida pelas unidades de Fortaleza, Maceió e Paulo Afonso.

A administração da Funai em Recife funcionava desde 1967, ano de criação da Funai. A decisão tomada pelo presidente Lula foi uma surpresa para as lideranças indígenas e até mesmo para os servidores, que devem ser removidos ou distribuídos em outras unidades. Isso porque Recife sempre foi considerado um centro estratégico para a elaboração da política indigenista no Nordeste. A capital pernambucana sediou, apenas em 2009, quatro grandes encontros estratégicos das comunidades do Leste/Nordeste. No total, 11 comunidades eram atendidas diretamente pela administração do Recife.

Os índios pedem a renúncia do presidente da Funai, Márcio Meira, e uma audiência com o presidente Lula e o ministro da Justiça, Tarso Genro. A reclamação dos índios pernambucanos é de que a distância territorial das aldeias em relação às unidades que passarão a assisti-los deve dificultar ou sepultar conquistas históricas dos povos. No entanto, segundo a assessoria de imprensa da Funai, está havendo um erro de interpretação. O órgão afirma que a unidade pernambucana não será fechada, mas reestruturada, e passará a ser uma coordenação técnica.

Com informações do Diário de Pernambuco e do repórter André Corrêa, do Correio Braziliense

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