Rio de Janeiro - A tragédia ocasionada pela forte chuva no Rio poderia ser evitada se houvesse um Instituto de Geotecnia mapeando e administrando as áreas de risco de deslizamento em todo o estado. A afirmação é consensual entre engenheiros e geólogos que participaram hoje (15) do 2; Seminário sobre Prevenção de Acidentes em Encostas no Clube de Engenharia, no centro do Rio.
A proposta é antiga e recorrente em encontros como esse, mas ganhou força com os desastres em Angra dos Reis, na Costa Verde, e na Baixada Fluminense, no início do ano, que custaram a vida de mais de 70 pessoas no estado, além de prejuízos materiais. A ideia foi discutida pela primeira vez há cinco anos, no primeiro simpósio, realizado na cidade de Angra dos Reis.
Para o presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian, é crucial que neste momento exista um órgão com atuação direta nos problemas geológicos e geotécnicos das regiões montanhosas do Rio.
;Vamos continuar batendo nesta tecla, pois acreditamos que é fundamental a existência de um órgão que ajude no trabalho de prevenção;.
Dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB) mostram que 81% dos 92 municípios do Rio de Janeiro têm riscos geológicos. No entanto, segundo Bogossian, apenas a cidade do Rio dispõe de uma fundação que mapeia áreas de risco e disciplina construções de encostas, a Geo-Rio.
;Há municípios do Rio que mal têm recursos financeiros para se manter, que dirá investir em controle de deslizamentos de encostas. Nesses casos, os governos estadual e federal têm papel vital;.
A secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, que participou do evento, disse que o governo do estado estuda formas de apoiar os municípios para o controle de deslizamentos. No entanto, ela descartou a criação de um instituto estadual para este fim.
;A questão das encostas é uma questão municipal. O estado não tem como diretamente fiscalizar, o controle de ocupação e a manutenção de encostas e drenagem;
Segundo a secretária, o estado pode, sim, ajudar as prefeituras mais carentes, estruturando grupos de trabalhos, em parceria com as universidades, para ajudar os municípios a preparar projetos, mapear áreas de risco e acessar recursos federais para a contenção de encostas.
O presidente do Clube de Engenharia afirmou que, embora Marilene Ramos tenha razão do ponto de vista legal, na prática, um instituto estadual de geotecnia poderia dar apoio técnico aos municípios mais carentes.
Para Bogossian, outra possibilidade seria transformar a Fundação Geo-Rio numa fundação estadual. ;E quem sabe essa seria a semente para a criação de um Instituto Federal de Geotecnia;.