Danielle Santos
postado em 16/01/2010 09:12
Exercícios feitos durante um dos intervalos do trabalho para evitar doenças e reduzir o estresse podem ser obrigatórios nos órgãos públicos federais. A proposta tramita na Câmara e é de autoria do deputado Luiz Couto (PT-PB). A ideia é prevenir as Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT), provocadas pelos movimentos repetitivos no trabalho. Segundo o Ministério da Saúde, não é possível quantificar o número de casos de pessoas afetadas por essas doenças no país, mas só em São Paulo o número ultrapassa 310 mil. "Além de trabalhar com mudanças na postura corporal, o exercício coletivo no local de trabalho ajuda na interação social e reduz o nível de estresse dos funcionários", diz o parlamentar.
Segundo a proposta, os funcionários que executam atividades repetitivas deverão, a cada quatro horas de trabalho, fazer uma pausa de no mínimo 10 minutos para a prática de exercícios de alongamento, sempre com a orientação de um profissional habilitado. Apesar de a prática ainda não ser obrigatória, algumas iniciativas já começaram na Esplanada. É o caso dos servidores do Ministério do Turismo. No ano passado, eles montaram um grupo de atividades que hoje tem cerca de 285 praticantes que se exercitam pelo menos duas vezes na semana durante o horário de trabalho. Em meio a processos e pilhas de pastas de ofícios, as salas do prédio-sede, bem como as do anexo, localizadas na Asa Norte, ganharam espaço para aparelhos de educação física e alongamento. Os exercícios incluem atividade de resistência muscular, flexibilidade, abdominais, alongamento e massagem. Uma novidade que está ajudando a mudar a rotina de quem pratica as atividades em grupo. "Depois das aulas, procurei um nutricionista para mudar meus hábitos alimentares. Hoje, minha meta é emagrecer com saúde", diz a servidora Júlia Azevedo.
"Depois de um levantamento, descobri que 40% dos funcionários do ministério sentem algum tipo de problema relacionado à má postura, como dor nas costas, nas pernas ou nos braços, muitas vezes por causa de movimentos repetitivos", diz Gustavo Moura, professor de ginástica laboral e servidor do ministério. Formado em educação física, ele foi o responsável pela iniciativa na instituição e, a partir daí, não parou mais. "Depois das aulas, conseguimos montar uma turma de corrida que se encontra todos os sábados para praticar. Já são 46 pessoas", conta, animado. Para Moura, a aprovação da lei dará mais visibilidade à importância da atividade física e estimulará mais os funcionários. Os próximos passos, segundo ele, são aumentar a frequência das aulas, que passarão a ser diárias, e a inclusão de palestras sobre qualidade de vida durante o expediente.
"Já tinha vindo de um órgão público que tinha um trabalho semelhante. Acho que é uma iniciativa necessária porque nos ajuda a dar importância aos sinais que o nosso corpo manda quando está com algum problema", afirma Luciene Rocha, que está fazendo exames médicos para entrar no grupo de corrida.
O projeto prevê ainda que os períodos preenchidos pela ginástica serão contados como tempo efetivamente trabalhado.
"Acho que é uma iniciativa necessária porque nos ajuda a dar importância aos sinais que o nosso corpo manda quando está com algum problema"
Luciene Rocha, servidora pública