Brasil

Morte de sociólogo vira questão de estado em Pernambuco

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pediu agilidade na apuração do crime. Os cinco PMs que perseguiram e atiraram na vítima estão presos

Diário de Pernambuco
postado em 22/01/2010 09:41
Uma família em pranto, cinco policiais militares presos e vidas destruídas. Esse foi o resultado, ontem, da perseguição desastrosa que provocou a morte do sociólogo Hélder José Maia Barreto, 41 anos, na cidade de Paulistana, Sertão do Piauí. O caso não demorou a ser esclarecido, embora ainda tenha desdobramentos. Enquanto o pernambucano era enterrado pela manhã, no Cemitério de Santo Amaro, cinco PMs acusados de terem participado do homicídio foram detidos para prestar depoimento ao delegado Benny Oliveira Cavalcanti, responsável pela investigação criminal naquele estado. O desenrolar dos fatos foi acompanhado pessoalmente pelo governador Eduardo Campos. Ele prestou solidariedade aos parentes da vítima e ligou para o governador Wellington Dias, do Piauí, pedindo agilidade na apuração do crime. A resposta do estado vizinho veio ao longo do dia. O delegado Benny Oliveira ouviu a versão dos PMs durante a manhã e a tarde. Já à noite, o comandante geral da Polícia Militar do Piauí, Francisco Prado, comunicou os detalhes do episódio ao governo de Pernambuco, informando que eles (PMs) também responderão a processo administrativo na corporação. Todos são investigados por quebrar normas disciplinares, agir de forma truculenta e atirar sem necessidade num homem desarmado. Correm risco de perder a farda e de serem indiciados por homicídio doloso (com intenção de matar). Os suspeitos pela morte de Hélder serão detidos por 15 dias, inicialmente. Os quatro soldados envolvidos no crime respondiam ao comando do cabo José Eduardo da Silva, de idade não revelada, na noite do último dia 18. Genilton Aleixo de Souza, Lindomar Jardim Lopes Júnior, Valter Barbosa da Silva e Raimundo Nonato Rodrigues dos Santos (todos de idades não divulgadas) ajudaram o cabo a perseguir Hélder na BR-407, quando o sociólogo se dirigia de Paulistana para Jacobina, também no Sertão piauiense. A versão disponível é a dos policiais, reforçada por três testemunhas que seriam motoristas da Itapemirim. Os PMs informaram que atiraram no sociólogo porque ele resistiu ao bloqueio nas imediações do quartel da 5; Companhia Independente da Polícia Militar, em Paulistana, e jogou o carro em cima de dois dos PMs presentes. Durante os relatos, informaram que tudo aconteceu por volta das 22h, logo após o soldado Válter Barbosa da Silva (de idade não revelada) receber uma ligação de um homem identificado como Damião, da cidade de Acauã (PI), na qual ele dizia que um Gol de placa KLI 4639-PE estaria atrás do coletivo da empresa. Os policiais disseram que pararam o ônibus para pegar informações sobre o que era então suspeito e perceberam que o veículo de Hélder vinha bem atrás. Sendo assim, não tiveram dúvida em abordá-lo. Acontece que, segundo contaram em depoimento, o sociólogo não parou na blitz e ainda tentou atropelar os PMs. Genilton resolveu, então, atirar com fuzil 5.56 por duas vezes nos pneus do Gol e, sem conseguir detê-lo, Valter voltou a atirar com revólver, iniciando a perseguição do carro por quase 12 quilômetros. Bloqueio desastroso

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