Brasil

Forúm Social Mundial se reúne a partir de hoje em Porto Alegre

Neste ano, o Forúm, que nasceu como alternativa ao capitalismo neoliberal, completa uma década

Diário de Pernambuco
postado em 25/01/2010 12:00
[SAIBAMAIS]Porto Alegre e Rio de Janeiro - O Fórum Social Mundial (FSM), que nasceu há dez anos como alternativa ao capitalismo neoliberal, reúne-se a partir de hoje em Porto Alegre para tentar definir seu rumo, ainda incerto devido aos desacordos na esquerda global. O movimento que invadiu o cenário político mundial no ano de 2001 reunirá na capital gaúcha intelectuais de todo o leque da esquerda, que durante cinco dias farão um balanço da última década e debaterão seus "acertos e erros". Dessa vez, a capital gaúcha vai dividir as atenções com outras 27 atividades programadas no Brasil e no mundo para o FSM em 2010. A expectativa é que 30 mil pessoas participem do evento. Uma Depois de ganhar força na última edição, em Belém (PA), a questão ambiental deverá ser um dos principais temas de debate. Segundo os articuladores do evento, o tema está entre as discussões desde as primeiras edições, no início da década, mas se tornou o centro do debate em 2009. A coordenadora do Núcleo Brasil Sustentável da organização não governamental Fase, Fátima Mello, diz que a realização de um FSM na Amazônia foi um divisor. "O fórum foi realizado num território onde os conflitos socioambientais são gritantes. A Amazônia é o espelho da crise do atual modelo de desenvolvimento, onde a exploração predatória dos recursos da natureza se dá de forma mais que insustentável". A realização da conferência das Nações Unidas (ONU) sobre o clima, em Copenhague, no final do ano passado também acelerou a inclusão das questões ambientais nas rodadas de discussão do fórum. Como o evento internacional não apontou soluções globais para o problema, a expectativa é que essa edição do fórum sistematize propostas da sociedade. "Existem centenas de organizações de camponeses, indígenas, mulheres, quilombolas, seringueiros, com experiências concretas de resistência na Amazônia. Eles têm gestado uma série de propostas alternativas que podem se transformar em políticas públicas", avaliou a diretora da Fase. O coordenador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômica (Ibase), Cândido Grybowki, também atribui à migração das discussões para as questões ambientais à participação de mais jovens, conforme constatou pesquisa. "Eles trouxeram outra preocupação. Antes a agenda era marcada pelo ataque à globalização e passamos agora a discutir justiça social mas também justiça ambiental". Desta vez, os jovens vão se concentrar no campo verde da Sociedade Gaúcha de Lomba Grande. O sítio a 40 quilômetros de Porto Alegre já começou a ser colorido pelas lonas de barracas de mais de 20 países e de todo o Brasil, no 10; Acampamento Intercontinental da Juventude. O local vai receber cerca de 3 mil participantes do fórum. Dividido em seis bairros, o acampamento tem praça de alimentação, três palcos para shows, telecentros com vários computadores, rádio comunitária, centro de produção multimídia, tendas para realização de oficinas culturais e debates, além de infraestrutura de banheiros, saúde, segurança e até uma "ecoescola" para crianças. A expectativa é de que 100 crianças - que acompanham os pais ou que sejam filhos de pessoas que trabalham no local - participem do evento.

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