Porto Alegre - A derrota do neoliberalismo não esgotou o papel do Fórum Social Mundial na busca de ;outro mundo possível;. Ao comentar os dez anos do FSM, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedo Stédile, apontou o imperialismo como o inimigo número um das esquerdas e dos movimentos sociais e defendeu a radicalização dos FSM como espaço de mobilização social. ;Vamos abrir os olhos: não é porque derrotamos o neoliberalismo que podemos sair por aí soltando foguetes. O fórum não pode ser só espaço anti-neoliberal, precisa ser anti-imperialista;, disse hoje (25) durante um seminário sobre os dez anos do FSM. Stédile afirmou que apesar da crise financeira internacional, que pôs em xeque alguns pilares do modelo neoliberal, o mundo ainda vive sob a ;hegemonia do capital;, com maioria de governos de direita e domínio ideológico dos meios de comunicação. ;Eles [capitalistas] vão adequando seus métodos, se apropriando de outros modelos. Ele eram contra o Estado, mas agora na crise usaram o Estado para salvar os caixas dos bancos e das empresas;. Ao contrário do previsto na Carta de Princípios do FSM, de 2001, que diz que o fórum ;não pretende ser uma instância representativa da sociedade civil mundial;, na avaliação de Stédile, o FSM tem que aproveitar o caráter plural da reunião para organizar mobilizações de massa contra o imperialismo. ;O Fórum é uma espécie de concentração, de vestiário, mas não é lá que se decide o jogo. O jogo se decide dentro do campo, com a coordenação de forças e a participação popular;. No entanto, o líder do MST reconheceu que as organizações e os movimentos sociais estão passando por uma ;crise ideológica;, o que dificulta a articulação.
;Os projetos políticos são difusos e sem capacidade de mobilizar as massas para entrar em campo;.