Brasil

Aposentada morre sem atendimento médico no sul de Minas Gerais

Patrícia Rennó
postado em 26/01/2010 15:44
Sem atendimento médico, uma aposentada de 82 anos morreu na porta da Santa Casa de Misericórdia de Guapé, no Sul de Minas, a 288 quilômetros de BH, e uma grávida de sete meses perdeu o bebê, no domingo. As duas mulheres buscaram a instituição, que funciona como único pronto atendimento do município, mas encontraram um comunicado informando que não havia médicos de plantão no final de semana. Os funcionários do hospital e os médicos alegam que não recebem os salários desde de outubro de 2009. Os familiares de Tereza Dutra de Oliveira registraram um boletim de ocorrência na delegacia da Polícia Civil de Guapé alegando o descaso da Santa Casa para com a mulher, que foi levada para o hospital com problemas respiratórios. Os enfermeiros da instituição negaram o atendimento alegando que só poderiam fazer o procedimento com a presença de um médico. A família afirmou que irá recorrer`a justiça. [SAIBAMAIS]Outro caso que chocou os moradores foi o da gestante Graciela Maria Batista, de 25 anos. Ele sentiu fortes dores e foi levada pelo marido até a Santa Casa. Como no local não havia médicos, os familiares a levaram para o hospital de Ilicínia, e lá os funcionários também alegaram não haver plantonistas. Segundo o sogro de Graciela, Jesus de Fátima Cirino, eles voltaram a Guapé para tentar conseguir uma ambulância, mas, sem sucesso. Alugaram um táxi e levaram a grávida até Passos. %u201CEla quase não foi atendida em Passos por causa da falta de encaminhamento médico. Eles só conseguiram a internação devido à situação grave em que ela se encontrava%u201D, disse. Graciela chegou ao local com uma forte hemorragia e os médicos constataram que ela tinha perdido a criança. O bebê foi enterrado segunda-feira, em Guapé, e a mãe continua internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Passos. Os três médicos plantonistas responsáveis pelo atendimento na Santa Casa de Guapé alegam que, além dos salários atrasados, não receberam metade do 13º. Eles ainda disseram que comunicaram ao Conselho Regional de Medicina sobre a paralisação de 72 horas. O presidente da instituição, Norival Santos, afirmou que as verbas repassadas não são suficientes e que é registrado um déficit mensal de R$ 20 mil. O chefe de gabinete, Carlos Maia, afirma que a prefeitura tem um convênio com a entidade e repassa cerca de R$ 60 mil por mês. No final do ano passado repassou, com aprovação da Câmara Municipal, mais R$ 50 mil. A instituição ainda recebe R$ 28 mil do SUS. No entanto, somente a folha de pagamento soma R$ 57 mil por mês. A situação foi discutida segunda-feira em reunião entre o prefeito municipal, Nelson Alves Lara (PT), o presidente da Santa Casa e representantes da secretaria municipal de Saúde. Segundo os moradores, grande parte dos 15 mil habitantes de Guapé precisa se deslocar para cidades vizinhas para receber atendimento médico. A maioria deles vai a Passos, enfrentando uma viagem de 1h40, com 40 quilômetros de estrada de terra e uma balsa para cruzar a represa de Furnas, até São José da Barra.

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