postado em 29/01/2010 16:09
Salvador - A assinatura de novos acordos de livre comércio e o fortalecimento do grupo de países formado pelo Brasil, pela Rússia, Índia e China ; o chamado Bric ; foram apontados como os dois sinais que mostram um novo cenário que se desenha na estrutura geopolítica mundial, por participantes da mesa Sul-Sul como Alternativa, no Fórum Social Temático da Bahia.O subsecretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Carlos Lopes, lembrou que, no ano 1.000, os países do Hemisfério Sul chegaram a representar 82% da população e, sobretudo, da riqueza mundial. Após a Revolução Industrial, entretanto, houve uma troca de cenários. Mas agora, no período considerado pós-crise econômica, o especialista acredita que haverá a recuperação dos países do Sul liderados pela China.
;Os países do Bric vão assumir a liderança mundial junto aos Estados Unidos em 2050. Não falta muito tempo para que a China seja o primeiro líder. É a emergência de um novo poder no Sul, com uma camada de aspecto econômico, mas outras camadas igualmente interessantes;, disse.
Ele elogiou, ainda, a criação do G20 ; bloco de países ricos e principais países em desenvolvimento. Para Lopes, o surgimento do grupo era ;uma necessidade; já que o G7 e mesmo o G8 já não são capazes de resolver problemas de origem econômica sem a participação dos emergentes. ;Essa é uma ralidade completamente ultrapassada;, destacou.
Para o economista argentino e professor da Universidade de Buenos Aires, Jorge Beinstein, acordos de livre comércio como o que foi estabelecido no início deste ano entre a China e outros países asiáticos demonstram a importância de se apostar na alternativa Sul-Sul. Segundo ele, a medida vai afetar diretamente 1,9 bilhão de pessoas.
;Há um fenômeno de declínio dos Estados Unidos. Não é uma partição em quatro ou cinco potências. O que presenciamos é a decadência da unipolaridade, um processo de despolarização, de aparição de espaços de liberdade e de desenvolvimento;, analisou Beinstein.